De acordo com um novo estudo espanhol, a dieta mediterrânica - baseada em azeite, frutos secos, peixe, frutas e legumes - reduz o risco de enfartes e AVC's. O nutricionista Tiago Almeida reafirma os benefícios deste padrão alimentar.

Vários investigadores verificaram, no passado, os benefícios da dieta mediterrânica na prevenção de doenças de coração. Este novo estudo, conduzido por um grupo de investigadores espanhóis da Universidade de Navarra, reafirma os benefícios da dieta mediterrânica e, mais do que isso, comprova uma redução substancial do risco de doenças cardiovasculares entre as pessoas de alto risco.

A dieta mediterrânica é composta por:

– Azeite, gordura de eleição
– Vegetais
– Pão e Cereais integrais
– Frutos secos
– Carnes brancas
– Peixes e mariscos
– Ovos
– Queijos
– Vinho tinto

O estudo, publicado na segunda-feira no The New England Journal of Medicine, foi conduzido durante cinco anos e envolveu cerca de 7500 adultos entre os 55 e 80 anos de idade, com diabetes, tensão alta, colesterol e outro tipo de problemas relacionados com doença cardiovascular.

Os participantes foram divididos em três grupos. Dois dos grupos foram submetidos à dieta mediterrânica: à dieta do primeiro grupo foi feito um acréscimo de azeite extra-virgem e à do segundo um acréscimo de frutos secos. Já ao terceiro grupo foi imposta uma dieta regrada, baseada em alimentos pouco calóricos, frutas e vegetais.

Nos cinco anos que se seguiram, 288 participantes tiveram um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral (AVC). Os autores observaram uma menor propensão para desenvolver doenças de coração entre aqueles que seguiram a dieta mediterrânica: os dois primeiros grupos apresentaram um risco 28 a 30% menor de sofrer algum evento cardiovascular, em relação aos restantes voluntários.

Os autores da investigação concluiram que “a dieta mediterrânica sem restrições calóricas e com suplementos de azeite extra-virgem e frutos secos, resultou numa redução substancial do risco de eventos cardiovasculares em pessoas de alto risco. Os resultados sustentam os benefícios da dieta mediterrânica na prevenção primária da doença cardiovascular”.

Dieta mediterrânica e os hábitos alimentares portugueses

A dieta mediterrânica é baseada num conjunto de tradições alimentares de países como Itália, Espanha, Grécia ou Portugal. Classificada Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2010, já foi apontada, em várias ocasiões, como benéfica para a saúde.

Tiago Almeida, nutricionista, diz tratar-se de “um padrão de referência na promoção de bons hábitos alimentares”, destacando-se a “proteção contra doenças que atualmente representam algumas das principais causas de morte nos países desenvolvidos, como a doença cardiovascular, diabetes, hipertensão arterial, e mesmo o cancro”.

“Estudos mais recentes revelam também uma forte associação na redução do risco de obesidade, em conjunto com o exercício físico, podendo também interferir positivamente na incidência da depressão”, explica.

Questionado sobre o padrão alimentar português, o nutricionista refere uma “opinião generalizada” sobre os fracos hábitos alimentares, que se refletem na “crescente prevalência do excesso de peso”, bem como de “doenças associadas”.

No entanto, e apesar de ressalvar a escassez de estudos nesta área, Tiago Almeida diz notar um regresso aos “anteriores hábitos de ingestão alimentar”, que poderá estar relacionada com o “agravar das condições económicas”. O nutricionista diz que, “embora muitas vezes por razões dramáticas ou por necessidade” esta realidade poderá “promover indiretamente” a dieta mediterrânica.