Pela NHS, uma clínica de Londres que trata o vício em redes sociais, passam cerca de 100 pessoas por ano, entre eles crianças e adultos até aos 35 anos. Apresentam sintomas como falhas na higiene pessoal, saltam a hora das refeições, deitam-se mais tarde e faltam ou chegam atrasados ao trabalho e à escola. O tratamento para estes viciados passa por uma abstinência total no acesso à internet e pela realização de um horário de atividades que mantenha os jovens ocupados.

Em Portugal, não existem números concretos sobre os jovens viciados, mas o JPN encontrou uma jovem que assume o vício. Estudante, jovem e muito comunicativa, Flávia Macedo assume que quando está acordada, está “sempre no facebook”.

O facto de não aparecer sempre online não é sinónimo de não estar lá. É uma técnica que lhe permite ver tudo, sem ser vista. Mas a jovem admite que o facebook pode ser uma mais valia, desde que não seja usado em excesso.

Acompanha várias páginas, pessoas e até mesmo organizações, o que lhe permite tirar o máximo partido da informação importante a nível pessoal e profissional – mas Flávia tem noção de que perde muito tempo com as redes sociais quando podia fazer outras coisas. Embora a jovem não ache muito saudável estar constante na internet, há uma coisa de que não abdica: estar pessoalmente com os amigos e familiares.

“O facebook causou a mesma estranheza que o telefone”

Pedro Barbosa, sociólogo e professor na Universidade do Porto, fez a sua dissertação de mestrado baseada numa investigação das redes sociais. Contactado pelo JPN, o sociólogo explica que o Facebook é um meio de comunicação “tão natural como o telefone” e que atrai os jovens por causa da “capacidade de comunicarem rapidamente entre si” e da “possibilidade de se vigiarem uns aos outros, perceberem como evoluem as suas vidas”.

O uso excessivo das redes sociais leva Pedro Barbosa a apontar algumas consequências, como o facto de “retirar espaço à comunicação presencial”, a “falta de privacidade, a incapacidade para perceberem que os conteúdos ali colocados são recolhidos e arquivados por empresas ou pessoas que eles [jovens] não conhecem e um certo deslumbramento”. No entanto, quando os jovens viciados são privados das redes sociais apresentam “sintomas de frustração e isolamento”, acrescenta o sociólogo.

Mas o Facebook não é propriamente mau. Sendo um “instrumento de comunicação recente e diferente”, o sociólogo explica que a rede social “causou a mesma estranheza que o telefone no século XIX” e que o problema reside na “arquitetura das redes sociais e não nas pessoas que as utilizam”. No caso dos jovens mais tímidos, o uso da rede social pode ser uma “opção válida”, acrescenta o sociólogo Pedro Barbosa.

Aceder à internet e poder navegar para saber as noticia ou publicar algo, tornou-se para muitos jovens um vício. A rede social, criada em 2004 por Mark Zuckerberg, já é utilizada por mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo.