Duas horas antes do início da manifestação eram já muitos os que se encontravam na Praça da Batalha. Com cartazes, t-shirts e cravos, entoavam cânticos e palavras de ordem: “Governo Rua“, “FMI fora daqui” e o “povo unido jamais será vencido”, soaram ao som de músicas de intervenção.

Várias associações leram os seus manifestos, entre os quais professores e estudantes. Após o uníssono de “Grândola, Vila Morena”, a multidão deslocou-se para os Aliados, um local que se tornou pequeno para o elevado número de manifestantes.

Um protesto de várias gerações, classes sociais e diferentes ideologias políticas, juntou-se em prol de um único objetivo: “Criar a rutura com as políticas impostas pela Troika e levadas a cabo pelo Governo de Passos Coelho”.

Desemprego, cortes salariais, diminuição de pensões, menos apoios aos carenciados e incentivo à emigração foram as queixas que mais se ouviram nas ruas do Porto. Os populares exigiam a demissão do Governo, o fim dos apoios à Banca e cortes nos salários dos chefes de Estado portugueses.

Várias vozes, um pensamento comum

Luís Campos, advogado estagiário disse, em declarações ao JPN, que esta manifestação quer demonstrar o descontentamento do povo português relativamente a uma política que, “em vez de financiar serviços sociais, como a educação e a saúde, serve apenas para financiar instituições financeiras”. O manifestante acrescentou ainda que a população pretende “que a mensagem seja ouvida o mais alto possível, de forma a que o governo caia e a política mude”.

Ao JPN, José Luís, reformado, afirma que há outras alternativas à atual governação. Para o protestante, o “corte nos salários dos chefes de Estado é a solução mais viável”. Também Fernanda Sousa, aposentada, admite que o Governo “tem feito um saque ao país, e contribui para o aumento do desemprego e empobrecimento de Portugal”.

Manifestação pacífica que acabou em confrontos

Os manifestantes tomaram a palavra e instauraram uma moção de censura popular que expressa a vontade de mudar o rumo das políticas vigentes em Portugal. “Que se Lixe a Troika” foi uma manifestação pacífica que levou até ao Porto cerca de 500 mil pessoas.

O protesto acabou por volta das 18h30, com a multidão a cantar mais uma vez “Grândola, Vila Morena”. A tarde decorreu sem conflitos, mas, no final da manifestação, a polícia interveio junto de um grupo de jovens protestantes, perto da estação da Trindade. Nos confrontos, dois jovens foram detidos.