“Bang With Friends” é o exemplo de uma nova aplicação para o Facebook que permite conectar utilizadores interessados em sexo. Agora, está a gerar controvérsia, já que está acessível a todas as pessoas.

Apesar do recente aumento de utilizadores com idades até aos 14 anos, João Teixeira Lopes, sociólogo, garante que não vai afetar nem influenciar a adolescência, pois os jovens já “estão expostos a este tipo de estímulos de inúmeras formas e em múltiplos contextos”. Ainda assim, é importante investir numa “educação sexual interdisciplinar e sem preconceitos”.

A utilização de softwares com o mesmo fim que “Bang With Friends” não contribui, segundo João Teixeira Lopes, para a banalização do sexo. “Não se deve temer o sexo, nem incutir medos inúteis aos jovens e educadores”, justifica. O sociólogo acredita que a aplicação não vai contribuir para uma virtualização dos relacionamentos porque atualmente todas “as relações são híbridas”, uma vez que “do virtual chega-se ao real e do real muitas vezes volta-se ao virtual”.

O sociólogo afirma ainda que trata-se de uma aplicação que “não trará nada de novo” pois já existem imensos sites que facilitam encontros sexuais ocasionais. Apenas “limitar-se-á a consolidar essa tendência”, uma vez que as redes sociais e a internet “facilitam os contactos de todos os tipos, inclusive os sexuais” – “pela velocidade, pela estrutura reticular, pela possibilidade do anonimato e do uso de máscaras identitárias”.

A aplicação conta já com mais de 500 mil utilizadores

A “Bang With Friends”, que já conta com mais de 500 mil utilizadores, obtém os dados através da lista de amigos do Facebook e junta utilizadores com interesses e gostos em comum. Todos os utilizadores têm acesso a outros perfis e podem escolher as pessoas com quem gostariam de ter relações sexuais. A aplicação garante confidencialidade na procura de parceiros sexuais e, como tal, apenas quando ambos querem estar juntos são informados do resultado.

A aplicação encontra-se numa fase inicial e vai continuar a ser desenvolvida pelos criadores californianos. Em breve, vai ainda permitir a criação de listas de pessoas do mesmo sexo. Os responsáveis pelo projeto pretendem ainda encorajar encontros mais românticos antes do relacionamento físico. Está também a ser estudada a possibilidade de disponibilizar o software para smartphones e tablets.

“Bang With Friends” não convence estudantes

Apesar da adesão, parece não convencer alguns estudantes portuenses. É “uma aplicação interessante e inovadora”, diz Filipe Silva, estudante na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que, no entanto, não era capaz de utilizar a “Bang With Friends”. As “relações sexuais devem ser de teor mais pessoal”. O jovem afirma que trata-se de um tema delicado que deve envolver “mais personalidade e não tanta virtualidade”.

Beatriz Moreira, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, afirma que a aplicação não “parece muito promissora” e não está interessada em usá-la uma vez que não se consegue sentir atraída “por alguém através de um computador”. Para a estudante, este tipo de programas tira a espontaneidade dos encontros casuais. “Gosto de conhecer amigos de amigos, pessoas em quem posso tocar, ouvir a voz, cheirar. São estes elementos que nos ajudam a formar uma opinião sobre alguém e também é assim, com a presença física, que decidimos se nos sentimos atraídos ou não”, justifica.

Já Catarina Monteiro, estudante da Faculdade de Ciências, diz que o “Bang With Friends” é uma aplicação com futuro pois “responde a necessidade de alguns utilizadores, uma vez que muitos utilizam as redes sociais como forma de conhecer novas pessoas” e criar novas relações. A nível pessoal, não considera ser uma aplicação “muito útil nem interessante” e não a utilizaria pois “conhecer e desenvolver novos relacionamentos no Facebook” não é um dos motivos pelos quais utiliza a rede social.