A época de saldos terminou a 28 de fevereiro e o resultado não é muito animador. Houve uma quebra generalizada nas vendas, provocada pela conjuntura económica atual e pela austeridade. O JPN foi à baixa do Porto falar com os comerciantes para saber como correram as vendas nos dois primeiros meses do ano.

Entre lojas de vestuário e calçado, dos preços mais altos aos mais baixos, as quebras em relação ao ano anterior são generalizadas e todos sentem um menor poder compra por parte dos consumidores.

Vontade de comprar há, dinheiro não

Carla Costa, comerciante numa loja de vestuário, não se queixa da falta de vontade dos consumidores, mas sim da falta de poder de compra. “As pessoas confessam que até gostam, que querem comprar, mas lamentam-se por estarem desempregadas e não poderem comprar”, conta, acrescentando que “houve afluência mas está a decrescer”.

Dentro do mesmo ramo, Vanessa Rocha confessa que “sentiu a crise” e que “tem havido uma quebra em relação ao ano passado”. Para a lojista, no que toca ao vestuário, “as pessoas esperam que o preço desça até ao máximo e ficam-se pelo essencial”, diz.

Já Joana Aroso, dá conta de uma perspetiva diferente: “As pessoas querem comprar mas os mass media tiram a vontade às pessoas e criam um pânico desnecessário”, afirma. Na loja de Joana, valeram os estrangeiros: “Não se pode dizer que tenha corrido mal, houve muitos estrangeiros a comprar, brasileiros principalmente”, refere.

Mudanças na lei

O presidente da Associação dos Comerciantes do Porto defende alterações na legislação, como a “redução do IVA de 23% para 19%”, um “pagamento doseado da carga fiscal” e um “plano estratégico para o comércio e serviços”.

Cristiana Silva, de uma loja de calçado, conta que janeiro correu melhor que fevereiro “devido às trocas da época de Natal”, e também constata uma descida nas vendas em relação ao ano passado”, conta.

Dificuldades para comerciantes e consumidores

Nuno Camilo, presidente da Associação de Comerciantes do Porto também falou ao JPN e confirmou um decréscimo acentuado nas vendas. “No contacto que tivemos com os consumidores, constatamos que houve uma quebra à volta dos 30% em relação ao ano passado”. Este período de saldos ficou “muito aquém das expetativas”, diz.

O presidente realça o “esforço grande” que os empresários tiveram que enfrentar no início do ano com os novos equipamentos de faturação e fala também da alteração dos valores das rendas. Tudo fatores que contribuíram para um “aumento de custos considerável”, lamenta.

O presidente da ACP relembra ainda que “durante quase todo o ano vemos as empresas a fazerem promoções porque não conseguem gerar receitas” e que os empresários “vendem muito abaixo do preço de custo” em épocas de saldo.