Foi por altura do início do ano letivo de 2011/2012 que o Movimento Reutilizar nasceu. O professor e explicador Henrique Cunha divulgou no Facebook a ideia de partilhar livros escolares e a iniciativa tornou-se viral.

A recolha e distribuição dos livros faz-se através de bancos de apoio presentes, por exemplo, em escolas, bibliotecas, autarquias, centros desportivos ou pequenas empresas. Para já, há 126 bancos espalhados por todo o país, inclusive nos Açores e na Madeira.

Em declarações ao JPN, Henrique Cunha afirmou que “cada banco chega a receber centenas de pessoas e quatro a cinco mil livros, por dia”, ainda que a afluência seja maior em alturas mais próximas ao início do ano escolar. Só desde 2011 já foram trocados mais de um milhão de livros.

Contra uma realidade que não faz sentido

“Esta realidade que temos em Portugal de que um livro só serve para um aluno não tem nenhum sentido”, diz Henrique Cunha. O professor acrescenta ainda que a lei promove exatamente o contrário, já que “prevê que os livros sejam adotados pelas escolas por um período de seis anos”, afirma.

O movimento rege-se por um princípio básico: a gratuitidade total – quer dos livros, quer dos serviços prestados pelos voluntários dos bancos de apoio. O professor diz ainda que “qualquer pessoa pode entregar e partilhar os seus livros independentemente do estado de conservação”.

Câmara do Porto é a mais recente colaboradora

A Câmara do Porto foi o 126.º banco a aderir ao movimento. Foi inaugurado esta quinta-feira e vai funcionar das 9h às 17h, no Gabinete do Munícipe. Henrique Cunha considera que este é “um enormíssimo passo” na exploração do projeto na cidade, pois espera que o “número de pessoas a terem acesso ao projeto” duplique. Acredita ainda que esta decisão possa ter “um efeito de contágio para outras entidades ou instituições”.

A falência como objetivo

Mas o conceito principal que Henrique Cunha promove é a universalidade. Segundo o manifesto do movimento, distribuir os livros apenas pelos alunos mais carenciados “pode ser discriminatório” e serve apenas para “reforçar o estigma de que os livros velhos são só para os pobres”, reforça.

E é precisamente esta ideia que abre caminho ao objetivo final do Movimento Reutilizar: “Falir o mais depressa possível”, afirma o professor. Isto porque “quando o movimento falir significa que a reutilização é universal”, esclarece.