O secretário de Estado adjunto do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, assinou, esta quarta-feira, o despacho publicado em Diário da República que refere que “a utilização da ferramenta da telemedicina permite a observação, diagnóstico, tratamento e monitorização do utente o mais próximo possível da sua área de residência, trabalho ou mesmo em sua casa”.

Mas há telemedicina em Portugal?

Em Portugal, as experiências de telemedicina tiveram início em Coimbra, há 15 anos. As primeiras teleconsultas foram da especialidade de cardiologia pediátrica e fetal em várias unidades hospitalares de Coimbra, que foi distinguida com o Prémio Hospital do Futuro, em 2005. Em 2007, foi criada a Linha de Saúde 24, exemplo de telemedicina.

A intensificação da telemedicina no Sistema Nacional de Saúde (SNS) permite o acesso a consultas de especialidade, assim como maior igualdade e maior proximidade entre doentes e médicos, garante o Ministério de Saúde. Outras das vantagens associadas a esta medida é a redução nos custos de deslocação e a maior rapidez na resposta em algumas especialidades. Para além disso, no SNS uma consulta da especialidade tem o custo de 7,75 euros, enquanto que 3,10 euros é o valor de uma não presencial.

O formato de consultas à distância será o modelo preferencial para a dermatologia, fisiatria, neurologia, cardiologia, cardiologia pediátrica e pneumologia. No caso específico da dermatologia, os doentes não precisam de consultar pessoalmente o médico, uma vez que este poderá avaliar imagens das lesões, recorrendo a tecnologias que lhes confiram qualidade suficiente. Nas restantes especialidades, também só a primeira consulta pessoal é essencial.

Serão as teleconsultas uma alternativa para as contratações nas especialidades?

José Cascarejo, cirurgião cardiotoráxico, considera que a telemedicina é “importante no apoio ao paciente”, uma vez que o percurso que o doente teria que percorrer entre o centro de saúde e o hospital da especialidade é assim só percorrido pelos exames. Por outro lado, o cirurgião afirma que esta inovação torna a medicina mais atual, pela rapidez de circulação de informação na intranet. Já no que diz respeito às consultas, o médico não é apologista da teleconsulta.

Joana Moreno, estudante de medicina, admite que “as teleconsultas podem ser muito utéis quando, por exemplo, se quer pedir segundas opiniões a médicos especializados que residam noutros distritos”. Contudo, não concorda que a teleconsulta seja usada em “primeiro recurso”, uma vez que “a qualidade de serviço nunca é a mesma do que ver o doente ao vivo”, explica.

Em 2012, dados revelados no âmbito do “Inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação nos hospitais” mostravam que 96% dos hospitais portugueses têm acesso à Internet. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a telerradiologia, teleconsulta e telecardiologia são as que têm sido mais usadas, até agora. Em comparação, o setor público usa mais a telemedicina do que o setor privado.