“Que Deus vos perdoe pelo que acabaram de fazer”, afirmou o novo Papa aos cardeais, esta quarta-feira. Francisco, como é agora conhecido, nasceu em 1936, em Buenos Aires, na Argentina – uma das regiões com mais católicos do mundo. O Papa Francisco não estava na lista dos favoritos mas é agora o 266.º Papa da Igreja Católica.

Com reações em todo o Mundo, a ascenção do novo Sumo Pontífice levantou questões antigas e recentes. A aproximação aos jovens é um dos objetivos e a proximidade da origem do Papa relativamente ao Brasil, pode ajudar nessa questão. De acordo com o Albino Reis, padre missionário na América Latina (atualmente a residir na freguesia de Vilar de Andorinho), pode levar a uma maior adesão às Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), a decorrer em agosto de 2013, no Rio de Janeiro. “É claro que os brasileiros preferiam um Papa brasileiro, mas já é bom ser um latino-americano, apesar de os brasileiros não gostarem muito dos argentinos”, sublinha.

O contacto com os jovens não é, todavia, algo novo: Bergoglio estudou engenharia química e só seguiu o sacerdócio aos 32 anos. Nos anos seguintes ensinou Literatura, Psicologia e Filosofia. Em 1970 assumiu o cargo de provincial da Companhia de Jesus, na Argentina.

Papa Francisco: “Foram buscar um Papa ao fim-do-mundo”

A origem não é apontada por Albino Reis como um fator determinante. As atenções concentram-se na pessoa que “pelo menos, aparenta um espírito de simplicidade e, por aquilo que pouco a pouco, vamos começando a conhecer bastante alerta para as questões mais fraturantes da sociedade”. António Bacelar dá, também, prioridade à individualidade do escolhido, contudo, pela origem, destaca a possibilidade de uma maior sensibilização para o “desafio da pobreza”.

Em 1992, foi nomeado por João Paulo II a bispo auxiliar de Buenos Aires e, seis anos depois, foi titulado como arcebispo. Preocupado com os mais pobres pediu aos fiéis que, ao invés de se deslocarem a Roma, distribuíssem o dinheiro da viagem entre os mais necessitados. Em 2005, foi o principal adversário de Joseph Ratzinger, reunindo 40 votos dos cardeais eleitores.

Jorge Bergoglio é considerado um homem tímido com um estilo de vida simples, sem ostentação, chegando, inclusive, a trocar o palácio apostólico por um apartamento na Argentina. Evita ser alvo de notícia, dispensa a limusina e, como tal, utiliza transportes públicos. Não frequenta restaurantes ou cafés e, nos tempos livres, aprecia música clássica, literatura e futebol – é sócio do clube San Lorenzo de Almagro.

Bergoglio, um homem de posições conservadoras

É também conhecido pela sua visão conservadora, aliada ao movimento Comunhão e Libertação, um grupo católico de grande influência, contra a eutanásia e o casamento entre homossexuais. Já mostrou igualmente a sua oposição face ao aborto, utilização de métodos contracetivos (admite o uso de preservativo em caso de doenças infecciosas) e à adoção por casais do mesmo sexo.

Em 2010, quando a Argentina se tornou no primeiro país latino-americano a legalizar o casamento homossexual, Bergoglio protestou – acredita que as crianças devem ter o direito de ser educadas e ensinadas por um pai e uma mãe. A posição não é, no entanto, nova para a Igreja Católica, como afirma Albino Reis.