O século XXI trouxe consigo uma avalanche de adaptações cinematográficas inspiradas em bandas desenhadas bem conhecidas dos fãs. Graças aos avanços tecnológicos na área dos efeitos visuais, os super-heróis regressaram em sucesso ao mundo dos fãs. As personagens da Marvel e da DC parecem ser as preferidas dos fãs, uma tendência que é bem demonstrada quando falamos nos mais de 40 filmes que chegaram aos cinemas só neste século e que contam com esses super-heróis.

Dos quadradinhos para a caixa mágica


Transpôr uma BD para filme
O negócio das BD’s

A falta de tempo é um dos maiores impedimentos para que Diogo Oliveira, de 21 anos, não leia mais banda desenhada. Contudo, as BD’s de que mais gosta e mais lê foram “todas, ou quase todas, levadas para o cinema ou para a televisão”, regozija-se o estudante, com a feliz coincidência.

Já Hugo Ferraz Gomes, escritor e estudante, tem 20 anos e parece mais cético em relação aos quadradinhos no pequeno ecrã. “A minha leitura de banda desenhada excede a minha paciência para séries televisivas”, garante. Hugo ressalva a preferência pelo papel, uma vez que “uma série televisiva está sempre subjugada ao parecer e opinião de um público demasiado instável”, já “uma boa banda desenhada raramente se rende às vicissitudes da democracia”.

Ambos os fãs concordam que as diferenças entre as versões adaptadas para audiovisual e os originais são inúmeras. Diogo aponta o desrespeitar da sequência lógica das BD’s e a criação de nova informação, a fim de alongar as temporadas em prol da obtenção de lucros – “fillers” – como duas das práticas comuns. Apesar de sentir que “o som e o movimento conferem um magia totalmente diferente à BD”, Diogo diz não haver “melhor retrato visual [da BD] do que aquele que a nossa imaginação desenha” e garante ser essa a causa para que, ainda hoje, tenham sucesso.

Segundo Hugo, “nesta era de intertextualidade e intercomunicação artística, é fácil subjugar uma arte à outra” e, independentemente do que consideramos “cânone”, “um formato adapta-se ao outro”. O jovem considera que “todo o prazer prolongado torna a arte morosa e, eventualmente, fútil”, mas defende que “o bom artista é capaz de iludir o público” nesse sentido.

Embora ainda seja difícil “perceber se ambas formas de arte coexistem em paz ou não”, o fã das estórias aos quadradinhos não se coíbe em afirmar que “se a arte é prazer, então toda a arte é bem-vinda”.