Depois do virar do século, os ecrãs foram invadidos com personagens há muito conhecidas pelos fãs. Ao cinema, chegaram filmes protagonizados por Batman, Spiderman ou até Astérix.

Quando nasceram as BD’s?

As primeiras histórias contadas com imagens foram, provavelmente, aquelas que o homem desenhou nas cavernas. Mais tarde, continuou-se a contar histórias por imagens através dos hieróglifos do Antigo Egito. Séculos mais tarde, chegaram às tiras dos jornais para entreter o leitor. A banda desenhada como a conhecemos hoje só se definiu durante o século XX, quando os heróis que voam de quadradinho em quadradinho conquistaram uma legião de fãs.

Enquanto a relação entre as bandas desenhadas e o audiovisual se torna mais próxima, as opiniões dos fãs diferem ao ver as personagens na televisão. Mas algo mais acontece: como nos disse uma das únicas lojas de BD’s no Porto, muitos não sabem que as personagens que conhecem dos filmes vêm dos livros aos quadradinhos.

Perante um mundo de heróis que tanto podem estar no ecrã como no papel, o que é que os fãs preferem? Ler ou ver? Como é ver os heróis no ecrã depois de os encontrar no papel? O que muda? E, acima de tudo, como é que isto aconteceu?

Passar uma banda desenhada para a televisão

José Alberto Pinheiro, professor de Vídeo na Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo, está também envolvido numa investigação relacionada com bandas desenhadas e falou-nos um pouco deste mundo. Segundo José Alberto, as produtoras audiovisuais investem em BD’s na expectativa de criarem filmes ou séries que tragam consigo os fãs que já amam os quadradinhos. Um dos segredos do sucesso é conseguir manter a mitologia das personagens, que fidelizou os leitores. Sem essa mitologia, a produção pode resultar em fracasso.

Dos quadradinhos para a caixa mágica

Preferências de um fã
O negócio das BD’s

José Alberto chama “narrativa transmedia” a esta forma de contar a mesma história através de diferentes meios. Cada meio deve acrescentar algo de novo à história e não transpor o enredo como já é conhecido. “Isso não me parece fazer muito sentido”, diz José Alberto, relembrando o caso das bandas desenhadas de “Game of Thrones“. Já “The Matrix”, por exemplo, consegue através das bandas desenhadas e filmes (e também dos jogos) acrescentar um pouco mais à história. O objetivo é que o fã descubra sempre algo novo.

Além dos Super-Heróis

“Astérix” e as suas divertidas histórias na Gália também mereceram quatro adaptações cinematográficas, assim como a personagem “Tintim” que teve o seu lugar no cinema com o “Segredo do Licorne”(2011). Na TV, podemos ver agora a adaptação da banda desenhada “Walking Dead” e ainda a série “Once Upon A Time”, adaptada também de uma BD: “Fables”.

Mas o salto da banda desenhada para o ecrã está muito dependente das tecnologias disponíveis para o fazer acontecer. Esta transição foi particularmente difícil durante a década de 60. Enquanto a série televisiva “Batman” se revelava um sucesso de várias temporadas, “Spiderman” provou ser um fracasso. A tecnologia usada não conseguiu manter no ar o herói das teias de aranha.

Depois de andarem por maus lençóis durante alguns anos, “Spiderman”, de Sam Raimi, marcou o regresso dos super-heróis em 2002. O filme do herói das teias trouxe algo de novo e fabuloso em termos de efeitos especiais. Numa altura em que o mundo se encontrava abalado pelo 11 de setembro, “Hulk” (2003), “Iron Man” (2008), “Captain America” (2011) e outros heróis da Marvel e DC não tardaram a juntar-se a Peter Parker.