Muita cor, muitas texturas e muita mistura de materiais foram alguns dos ingredientes principais do segundo dia de Portugal Fashion no Porto. Pela Alfândega, passaram alguns dos maiores criadores nacionais, num dia em que Miguel Vieira arrancou os maiores suspiros e Teresa Martins foi largamente aplaudida pela plateia. O espaço Bloom também conquistou uma grande adesão – uma oportunidade de jovens criadores mostrarem as suas coleções, que foram largamente aplaudidas e elogiadas pela plateia.

Ricardo Preto

A coleção de Ricardo Preto foi inspirada na vida citadina atual e no conceito de futuro. A mulher invoca, nas criações, independência, personalidade e, simultaneamente, feminilidade. Aos traços femininos é dado extremo destaque: predominam as formas esguias e silhuetas bem definidas que contrastam com peças volumosas e oversized. O “moderno” sobrepõe-se ao clássico e a mulher veste-se como uma figura saudável e descontraída.

Predominam os padrões, o camuflado e os prints de paisagens e animais, como se tem visto em coleções anteriores. Os bordados ganham, também, especial destaque – principalmente em tons ouro conjugados com sedas, algodões e lãs. As cores que encheram a passerelle oscilaram entre o vermelho, o verde e o azul, em contraste com o preto, o branco e o amarelo.

Diogo Miranda

Diogo Miranda apresenta um binómio na sua coleção ao misturar o feminino com o masculino, bem visível nas peças oversized. Assim, a mulher tanto é representada como figura com uma grande diversidade de formas como é apresentada de forma mais descontraída. Em declarações ao JPN, Diogo Miranda disse que os casacos oversized transmitem a ideia de descontração e liberdade, parecendo, por vezes, que a mulher usa o casaco do namorado em vez do seu.

Em termos de cor, é dado destaque ao preto, branco champanhe, azul marinho, azul céu, bordeaux e verde petróleo. De acordo com Diogo Miranda, a coleção vai servir bastante bem as exigências dos mais jovens. No entanto, admite a intemporalidade geracional das criações, que tanto podem ser usadas por “jovens de 20, 29 anos, como por senhoras de 50, por exemplo”. A inspiração proveio do universo bidimensional feminino que foge ao standard do clássico estilo “girly girl”, o que atrai clientes e admiradoras de todas as idades.

Luís Buchinho

As criações de Luís Buchinho são inspiradas no design industrial da década de 70. Roupa do quotidiano e a vertente urbana são as chaves do conceito da coleção. As peças têm um grafismo simplista e são combinadas com cores marcantes. O vestuário é marcado por linhas retas e confortáveis com tecidos que vão do jersey de viscose ao algodão, passando pelo uso abusivo de pele e napas, sem descurar elementos essenciais das estações mais frias como o pêlo, as lãs e as malhas.

Com a sua coleção knitwear, Buchinho apresentou golas extravangantes e volumosas, casacos com muitos fechos e bastantes sobreposições. Predominam, essencialmente, cores como o branco, o verde menta e tropa, o bordeaux e os azuis com pigmento cinzento, antecipando um outono-inverno sóbrio e elegante.

Miguel Vieira

Miguel Vieira voltou a apresentar uma coleção em que a mulher apresenta uma personalidade forte, sedutora, carismática e feminina, enquanto que o homem assume-se como uma personagem enigmática e elegante onde predominam cores neutras com estampados e onde as peças clássicas se misturam com elementos mais desportivos, em perfeita harmonia.

As cores que saltam à vista são o branco, o angorá, o champanhe, o castanho licor e, ainda, antracite e preto, sem esquecer diversos elementos em ouro. Os casacos são, quase sempre, oversized. O estilo “largo” passa, ainda, para as calças. As saias são curtas, bem como os vestidos.

Miguel Vieira usa uma variedade enorme de materiais que vão deste lantejoulas pregadas em seda a tecidos jacquard com prints florais ou animais. As peças lisas também ganharam terreno nesta coleção. Malhas e fazendas não ficaram para trás nas criações do próximo outono-inverno. As assimetrias dominam, bem como os folhos e a mistura de cores e texturas, numa coleção que primou pela elegância.

Teresa Martins

A coleção, intitulada “Origens”, de Teresa Martins é sempre um marco na passerelle pelas suas peças confortáveis e com vários elementos étnicos. Muitos bordados, padrões e texturas, conjugados com uma palete de cores de outono que domina quase toda a coleção. O estilo é feminino, versátil e intemporal. Peças com recortes de tecidos e criações onde dominam os cortes assimétricos e os tons de floresta marcaram o desfile.

Pode considerar-se a coleção um tanto híbrida, pois há um grande contraste entre elementos simples em termos de grafismo e outros mais complexos. As lãs, sedas, algodões, linhos e jersey compõem grande parte das criações. As cores dominantes são os tons de cinza, ocre, azul, preto, bejes e gangas. Os estampados mais comuns são as linhas verticais, pintadas ou desenhadas, flores geométricas e folhas.

O terceiro e último dia do Portugal Fashion no Porto tem lugar amanhã, dia 23 de março, e vai contar ao longo da tarde, com desfiles direcionados para a indústria e para o calçado. Luís Onofre apresenta a coleção de sapatos para o próximo outono-inverno e encerra o evento. Felipe Oliveira Baptista é um dos estilistas mais esperados da noite.