Chegou ao fim mais uma edição de Portugal Fashion que, durante quatro dias, apresentou as tendências de mais de 40 estilistas para a coleção do próximo outono-inverno. Pelas passerelles passaram estilistas conceituados em Portugal e no estrangeiro, mas também jovens aprendizes que viram no Portugal Fashion a melhor ocasião para dar a conhecer os seus projetos. Diferentes linhas, estilos diversos e cores, texturas e padrões contrastantes encheram a Alfândega do Porto desde a última quinta-feira. A tarefa de encerrar o evento de moda, que sempre ficou a cargo de Fátima Lopes, foi, desta vez, atribuída ao estilista de calçado e acessórios, Luís Onofre.

Lion of Porches

Para a estação outono-inverno 2013/2014, a Lion of Porches apresenta uma linha muito singular. A coleção é caracterizada por um estilo urbano colegial, sendo o resultado final uma panóplia de peças requintadas e distintas. Pela passerelle passaram tecidos diversos, desde o xadrez ao tartan, passando pelas fazendas, lãs e malhas. As cores predominantes não fugiram ao habitual das outras coleções, estando presentes o azul e o verde colegial, mas também o amarelo-mostarda conjugado com o vermelho.

A linha City, também da Lion of Porches, é exemplo da identidade da marca. Fiel às peças elegantes e versáteis, a coleção foi inspirada no estilo britânico. Reinam as sedas, moroccan e alpacas em cores diversas e sofisticadas, onde o preto e o bordeaux foram o principal destaque. A coleção de mulher é, sem dúvida, feminina, irreverente e realça a silhueta. Já as criações para homem exibem um lado descontraído mas, ao mesmo tempo, charmoso. Para a coleção Kids, a Lion of Porches optou por uma coleção bidual, onde predominam peças de inspiração britânica e colegial. Sweats, pólos e denims constituem quase toda a coleção. O look é chic, mas casual. As cores definidas para os mais novos são camel, cru, amarelo, verde colegial e azul marinho.

VICRI

David Carreira foi o anfitrião da marca VICRI, que propõe uma coleção inspirada em super-heróis: “Wonder Man” é o tema e a inspiração das criações da marca. O movimento rockabilly serviu de inspiração, e o leque de cores que encheu a passerelle incluiu cor-de-laranja, verde, azul e grená. Algumas peças são completadas com pequenas e mais ou menos discretas aplicações requintadas, inspiradas no meio militar. As flanelas, as sedas e os algodões foram os materiais escolhidos pela VICRI para o próximo outono-inverno. O clássico fato masculino volta em força: a silhueta italiana e a continuidade calça/blazer regressam. Há, no entanto, inovações – são comuns os detalhes em pele, os casacos curtos em trespasse e as capas. As camisas são, quase sempre, estampadas e a coleção é, ainda, vincada pelo uso de laço e gravatas.

Da identidade da marca faz parte o look extravagante discreto, e este conceito esteve perfeitamente visível ao longo de todo o desfile, com forros em rosa elétrico e as solas dos sapatos na mesma tonalidade.

Felipe Oliveira Batista

A coleção “Inquietude”, do diretor criativo da Lacoste, que apresenta vários elementos típicos portugueses, foi inspirada no filme luso de Miguel Gomes, “Tabu”, e no “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa. As criações para a próxima estação, do estilista mais esperado da noite, revelam o contraponto entre austeridade e sensualidade. A linha utiliza, na sua maioria, cores leves e claras, típicas de um classicismo levado ao extremo, mas que pretendem mostrar um modernismo “fraco e sem época”. Os materiais são híbridos, passando pela passerelle diversos tipos de lãs (com toque de organza e de dupla face), nylon, cetins, sedas, couros e camurças. O jogo de cores, texturas e materiais leva ao binómio rigidez/flexibilidade.

Prints de animais selvagens são comuns, bem como camuflagens e peças com aspeto semelhante a papel mosqueado. As assimetrias ganham terreno, os ombros descaídos voltam a ser tendência. Os vestidos e saias são oversized.

Dielmar

É a aposta no cariz sexy das peças e na robustez que fazem sobressair a coleção masculina. A conjugação do estilo cosmopolita com elementos mais tradicionais torna visível a presença retro e vintage das peças. Tecidos de aspeto envelhecido são, para o próximo outono-inverno, a impressão digital da Dielmar. Lãs lavadas, tecidos tingidos, cosidos, jerseys e tweeds definem a estação. Os veludos, muitas vezes, deslavados, ajudam a recriar o estilo vintage e retro. O uso do “desgastado” torna o visual descontraído, aconchegante e confortável.

Os coletes ganham destaque e são um acessório fundamental. Misturam-se cores e texturas. O tricô está presente em vários elementos, como lenços de peito. Por um lado, reinam os tons neutros e frios. Por outro, marcam presença os tons quentes combinados com tons de bagas e cores neutras. O estilo outonal está à vista. Diversos azuis são tendência, desde o marinho ao pavão e passando pelo azul noite. Verdes floresta, oliva e castanhos voltam em força e misturam-se com tons de laranja, cobre e amarelos.

Luís Onofre

“Black is Back” é o nome da coleção. Preto é, claramente, a cor mais usada e mais característica do próximo inverno. Camurças, pêlos e boxcalfs dominam as criações. A linha apresenta detalhes metálicos que pontuam as botas, botins, galochas e sandálias. Em contraste, surgem castanhos mais abertos e claros, em oposição a coleções anteriores. O tom pérola e o mel são algumas das opções de Luís Onofre. O couro reforça a casualidade e opõe-se aos elementos metálicos do calçado. Verde musgo, verde bosque, roxo e bordeaux são as cores escolhidas pelo estilista para o próximo outono-inverno. No que toca aos saltos, há dois extremos: os sapatos rasos e os sapatos com 16cm. O salto é transparente ou metálico, dando a ilusão de que o calcanhar flutua. As carteiras são invulgarmente grandes e também apresentam elementos metálicos em destaque.

A par dos desfiles principais, o Espaço Bloom, dedicado a jovens estilistas, também conquistou grande adesão. Mafalda Fonseca apresentou uma coleção masculina irreverente e rebelde, enquanto que João Melo Costa, voltou a revelar-se com uma coleção feminina inspirada em elementos náuticos, que funcionam como uma história de auto-destruição, como revela o jovem designer.