“Chegou a Páscoa, vamos receber o Coelho” era a frase que dava o mote para o evento, divulgado através das redes sociais e criado esta quarta-feira pelo movimento “Que se Lixe a Troika”. Assim, cerca de 50 manifestantes juntaram-se na Praça Gomes Teixeira, em frente à reitoria da Universidade do Porto (UP).

A conferência

Enquanto os protestos decorriam, no Salão Nobre da Reitoria, Fredrik Reinfeldt explicava as reformas no ensino aplicadas na Suécia. Em entrevista ao JPN, o primeiro-ministro sueco refere a importância de reforçar as relações entre os dois países. “Uma das coisas que aprendemos é que criar possibilidades para os estudantes viajarem de um país para o outro é recompensador para ambas as partes”, afirmou. Conhecer novas culturas e novos meios de aprendizagem foi outro dos objetivos focados.

O ajuntamento popular levou à criação de um cordão policial preventivo que afastou os manifestantes de Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro sueco. Ainda assim, a entrada do líder sueco foi acompanhada de ecos de descontentamentos dirigidos ao homólogo português. A já muito entoada, “Grândola, Vila Morena” e protestos como “25 de abril sempre, fascismo nunca mais” e “Passos, ladrão, pede a demissão” fizeram-se ouvir às portas da reitoria.

A manifestação como um “ato de patriotismo”

Foram várias as reclamações dos portuenses, maioritariamente representados por adultos e reformados inconformados com o estado do país. Luís Coelho, arquiteto e designer de meia idade, afirma o direito à manifestação como um “ato de patriotismo“. “As pessoas estão cada vez mais atentas, mas é preciso que se mobilizem mais no sentido de ter uma intervenção cívica forte – é algo que está a melhorar”, adianta.

Face à rapidez com que se deu a mobilização (convocada na mesma tarde em que ocorreu), João Bacelo, membro do “Que se Lixe a Troika”, acrescenta que a sociedade está “acordada” e “a perder o medo de se manifestar”. Segundo o próprio, o objetivo primordial é que “quem pague a crise seja quem a provocou”.

Para os mais velhos, o futuro dos filhos é a maior preocupação. Reformado, Francisco participou na manifestação para reclamar a ausência de retorno do investimento feito na educação dos filhos, para os quais prevê um futuro de “miséria” .

A manifestação atraiu pessoas que desconheciam o seu agendamento. Margarida Dias, costureira, admitiu não ter conhecimento do protesto, mas decidiu juntar-se, contra a “precariedade” e o desemprego. “Vemos os nossos filhos com empregos precários, a tirar cursos e a investir para não ter emprego”, sublinha, acrescentando o regresso ao “passado“.