O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares anunciou a sua demissão do Governo. Miguel Relvas invocou motivos pessoais para o abandono voluntário do Executivo, excluindo a hipótese de que teria sido demitido.

O “braço-direito” de Passos Coelhos era uma das personagens mais criticadas do atual Governo, e apresentou a sua demissão oficial esta quinta-feira à tarde.

“Saio por vontade própria. É uma decisão ponderada há várias semanas”

Na declaração aos jornalistas agendada para esta tarde, Miguel Relvas anunciou que fez um pedido de demissão a Passos Coelho, que terá sido aceite. O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares explicou que foi uma decisão consciente, planeada “há várias semanas” juntamente com o Primeiro-Ministro.

Miguel Relvas explicou que sai “por vontade própria” e “apenas e só”, por entender que já não tem “condições anímicas para continuar”. Relvas explicou que este é o “momento certo para uma interrupção e começar uma nova etapa” que, de acordo com o próprio, não deverá passar pela vida política. O ministro não deixou, contudo, de tecer elogios ao Executivo de Passos Coelho, afirmando que continua a acreditar no projeto do atual Primeiro-Ministro.

Sem responder a qualquer pergunta dos jornalistas, o ex-ministro fez, ainda, um rescaldo “positivo” das políticas que comandou enquanto membro do governo, nomeadamente no que concerne às reformas de administração local, o processo de reestruturação da RTP e ao programa Impulso Jovem.

Antes de terminar, Miguel Relvas não se esqueceu de mencionar os ataques de que tem vindo sendo alvo, enquanto membro da bancada social-democrata, acrescentando que “só a História julgará a ação dos agentes políticos”, numa clara observação a todos os seus opositores.

Miguel Relvas pode perder o título de licenciado

Segundo alguns órgãos de comunicação social, Nuno Crato está a preparar-se para anunciar a retirada do título de licenciado a Miguel Relvas e esta decisão pode estar na origem do pedido de demissão do ministro adjunto. A decisão de Crato resulta do relatório de verificação de equivalências.

Na declaração aos jornalistas que decorreu durante a tarde desta quinta-feira, Miguel Relvas não falou sobre o assunto e evitou as perguntas dos jornalistas acerca da eventual anulação do diploma de licenciatura ao ministro, por parte do Ministro da Educação.

“Demissão do ministro só peca por tardia”

A Comissão de Trabalhadores da RTP já reagiu à demissão de Miguel Relvas com um comunicado que expressa a posição dos trabalhadores da estação pública afirmando que a “demissão do ministro só peca por tardia”.

A Comissão de Trabalhadores critica ainda o Conselho de Administração, explicando que o atual Conselho foi eleito “pelo ministro mais desacreditado de um Governo desacreditado”. “O CA (Conselho de Administração) aceitou como única fonte de legitimidade um ministro que sempre se distinguiu pela sua desenvoltura a espezinhar a lei e a Constituição. Deixou-se nomear por alguém que já não podia sair à rua sem levantar um clamor popular a recambiá-lo para os bancos da escola elementar”, escreve ainda a Comissão de Trabalhadores da RTP.

A Comissão deixa ainda um pedido final: “que o ministro demissionário leve consigo o CA que instalou na RTP – ambos na mesma viagem sem regresso”.

O Sindicato dos Jornalistas também já reagiu à demissão afirmando, em comunicado, que “mudar de ministro não basta” e acrescentando que é ainda necessário “alterar a política do Governo e da maioria parlamentar para a Comunicação Social”.

Notícia atualizada às 22h19 de 4 de abril de 2013. Foram trocadas as expressões “conferência de imprensa” por “declaração aos jornalistas”.