Mais uma vez, o hotel Holiday Inn, em Vila Nova de Gaia, voltou a encher esta quarta-feira, 10 de abril. Desta vez, o motivo foi Miguel Sousa Tavares, jornalista, escritor e figura conhecida do comentário político nacional, que foi convidado por Joaquim Jorge, fundador do blogue Clube dos Pensadores.

Durante pouco mais de uma hora, uma sala a abarrotar de pessoas – algumas até em pé, por falta de lugar – escutaram a posição de Sousa Tavares em relação aos portugueses, à sociedade nacional e às principais figuras políticas do momento.

Para o escritor, a sociedade portuguesa é mal governada, porque, “se calhar, não o merece“. Esta é uma das razões apontadas pelo convidado para a situação de crise em que Portugal se encontra. O jornalista definiu ainda três “males económicos” enraizados no país: a dependência do Estado; o poder das corporações na democracia portuguesa; e a inveja.

Sousa Tavares defende que os portugueses habituaram-se a depender em demasia do Estado. “Acham que o Estado é uma figura mítica que não pertence a ninguém”, algo que, também segundo o comentador, foi sendo enraizado na sociedade ao longo da história. Isto porque, um povo que dependa tanto do Estado, irá fazer com que este gaste o que não tem para manter a intervenção social a que os portugueses se habituaram. “Temos de ter um Estado social pobre para pessoas pobres, porque assim não se gasta acima das possibilidades reais”, defende.

As corporações, segundo o jornalista, capturaram a democracia e a inveja tomou conta dos portugueses. Para exemplificar, Miguel Sousa Tavares deu o exemplo de Fernando Nobre que, mal se candidatou à presidência da República, recebeu, na Internet, acusações de utilizar a AMI para conseguir chegar ao chamado “tacho”. “Para sermos bem governados, temos de ter uma elite para tal”, sublinhou o escritor. Aliás, acrescenta, muitas pessoas jovens que possam estar bem qualificadas para cargos políticos, a eles não se candidatam. “Esse, para mim, é o principal problema”.

Cavaco: “o pior político desde a Revolução de abril”

Já sobre a relação entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, Miguel Sousa Tavares acredita que Cavaco Silva “inventou as escutas em Belém” e considera-o “o pior político que tivemos desde o 25 de abril”. Sobre o primeiro-ministro, o escritor afirma ter várias dúvidas em relação ao futuro, ao ponto de não saber “se o Passos Coelho com Seguro, será melhor do que Passos Coelho sem Seguro”, referindo-se à juventude e “inexperiência” do líder do Governo e do líder da oposição, respetivamente.

Após a intervenção de Miguel Sousa Tavares, houve ainda tempo para Joaquim Jorge permitir, ao público, colocar algumas questões ao convidado, que, ao responder à questão “Qual o melhor político que já tivemos em Portugal?”, não hesitou em dizer o nome de “António Manuel Oliveira Guterres”.