Eram 11h13 quando soou o primeiro alarme no Bairro do Aleixo para alertar o início da implosão. Programada para as 11H15, acabou por acontecer um minuto antes da hora prevista.

Depois da contagem decrescente, a torre 4 caiu em menos de 5 segundos. Enquanto uns aplaudiam, outros mostravam o descontentamento evidente dos ex-moradores.

A operação por detrás da demolição

A operação – preparada cuidadosamente durante alguns dias – envolveu mais de 300 operacionais, obrigou a evacuar 410 pessoas e à criação de um perímetro de segurança com cerca de 60 mil metros quadrados. A implosão dos 13 pisos do edifício exigiu vários tipos de materiais explosivo e muitos litros de água para minimizar o pó, gerado pela queda do edifício.

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, chegou por volta das 10h50 e assistiu à implosão na área reservada para o efeito. Também o ex-treinador da seleção nacional, António Oliveira – que se tornou acionista do Fundo de Investimento responsável pela demolição no final de 2011 – chegou ao recinto pouco antes da implosão. Inicialmente, fez um investimento de 1,6 milhões de euros no processo.

O futuro do Aleixo

O presidente Rui Rio, atualmente no fim do seu último mandato, disse, em resposta aos meios de comunicação social, que “não é possível” que o seu sucessor pare a demolição do bairro do Aleixo. “Temos que levar o projeto até ao fim”, sublinhou.

“A Câmara está obrigada a fazer aquilo que foi o compromisso eleitoral”, relembra Rui Rio, salientando que a demolição do bairro do Aleixo foi um dos temas que defendeu durante a campanha eleitoral de 2009. A interrupção do plano de demolição do bairro do Aleixo pode resultar numa situação urbanística e socialmente “muito má”, diz.

Quem está por detrás da demolição

A demolição do Aleixo é um compromisso do atual executivo camarário, que tomou em 2008 a decisão de constituir um Fundo Especial de Investimento Imobiliário (FEII) para levar a cabo a missão. Interromper os planos de demolição pode resultar num problema financeiro e em grandes indemnizações para o FEII.

Em declarações aos jornalistas, sobre se será demolida ou não mais alguma torre, o presidente da Câmara do Porto garantiu: “uma ou nenhuma”. Pelo menos, durante o seu mandato. Ainda assim, Rui Rio insiste que a torre 1 deve ser a última a cair, já que a Câmara quer diminuir ao máximo a obrigatoriedade de realojar moradores. O realojamento, explica, deve servir para “habitar uma casa”, e não “para fazer tráfico de droga”.

Quanto ao futuro do espaço do bairro do Aleixo, ainda só existem especulações e rumores de que vai ser ocupado por um novo empreendimento de luxo. Fora do recinto, vigiado pelos polícias, os moradores mostraram o seu desagrado ainda antes da torre 4 ser demolida. E muitos ex-moradores garantem: vão voltar para “destruir” aquilo que for construído no espaço das torres.