Durante duas noites, o caudal do rio Taboão vai ser desviado para junto do Rivoli. A cidade do Porto acolhe o início do festival Paredes de Coura, que, este ano, começa mais cedo. Com um cartaz alternativo, conta com a presença de artistas nacionais e internacionais.

Horário

20h30: Capitão Fausto
21h30: Veronica Falls
22h30: The Wedding Present
23h40: Everything Everything
00h40: No Age

Proporcionar “uma experiência profissional diferenciadora” é o objetivo do festival que, este ano, lançou a iniciativa de criar o “warm-up”. Vinte anos de história marcam o reconhecimento do público e dos artistas, que o nomearam para os “Europe Festival Awards”, na categoria de “Festival Favorito dos Artistas”.

19h20 – A poucos minutos da abertura das portas, os fãs já faziam fila na Praça D. João I. “No Age”, “Everything Everything” e “Capitão Fausto” são algumas das bandas que esta noite trazem os fãs até ao Warm-Up Paredes de Coura. Para além dos que pagaram 15 euros pelo bilhete diário – ou 25 euros pelo passe geral – encontramos também algumas pessoas que vêm ao “Warm-Up” porque ganharam o bilhete. Alguns admitem mesmo que não conhecem nenhuma banda. E a afluência está comprovada.

19h33 – É oficial: as portas estão abertas. Com a abertura, forma-se uma pequena fila pelos que há minutos estavam sentados nas escadas da praça D. João I. Na bilheteira, ainda são alguns os que tentam trocar o bilhete pela pulseira que permite o acesso ao recinto. Uma vez dentro da tenda, são já alguns os fãs já junto ao palco: aguardam “Teresa” e o rock português dos “Capitão Fausto“.

21h10 – No palco, os Capitão Fausto acabam de terminar o concerto. “Teresa” não chegou, mas no seu lugar vieram “Música Fria”, “Supernova” e o single “Verdade”. Montados na sua “Gazela”, nome que dá nome ao álbum de estreia da banda, o cinco capitães conduziram o navio face a um pequeno mar de gente que, se foi acumulando som das guitarras e da voz de Tomás Wallenstein. No fim do concerto, já mais de metade do recinto estava ocupado. Por entre as músicas antigas, foi apresentada uma nova música do próximo álbum. Em conversa com os fãs, Tomás manifestou a surpresa pela quantidade de gente que trocou o jantar pelo concerto.

21h32 – “Verónica cai? (Veronica Falls)”, perguntava alguém no público. Mas não, não caiu. Depois dos últimos acordes instrumentais, os Veronica Falls começaram o concerto com poucos minutos de atraso. Num estilo assumidamente eletrónico, Veronica Falls acabou por adotar um tom mais calmo e intimista à medida que os fãs reagiam e aplaudiam. A banda londrina, liderada pela vocalista Roxanne Clifford, não interagiu tanto com o público como fez Capitão Fausto, mas logo que se ouviram as primeiras notas da “Teenage” – o single do segundo álbum da banda “Waiting for Something to Happen” – os fãs aplaudiram e assobiaram.
Com um jogo de luzes que se perdia entre o vermelho, verde e roxo, os quatro elementos dos Veronica Falls não “caíram”, no seu segundo concerto num palco português. À medida que a noite avança, a tenda do Warm-Up vai aquecendo.

23h15 – No palco do “Warm-up” estão, neste momento, os The Wedding Present. A chegada deu-se com cerca de quinze minutos de atraso, durante os quais imagens da cidade Invicta foram projetadas num cubo suspenso que captou a atenção de alguns fãs. Uma batida entusiasta pelo percussionista anunciou a chegada da banda que, de forma também entusiasta, deu início ao concerto, numa viagem a tempos passados. “Come Play With Me” foi uma das músicas tocadas. Comunicativo, o vocalista David Gedge, na banda desde a sua formação, em 1985, dirigiu-se ao público com frequência, entre esta e aquela canção. A conjugação de sons calmos com acelerações repentinas pautaram o concerto que se ouve para lá da tenda deste mini-festival.

00H25 – Os Everything Everything chegaram com uma nuvem azul ao som de “Cough, Cough“, o single que os colocou no top 37 do Reino Unido. Aqueceram a praça e os fãs, que corresponderam às palmas pedidas pelos cinco membros da banda britânica. Jonathan Higgs dirigiu-se em português à plateia com um “obrigado” recebido com gritos de entusiasmo. À medida que os tons variavam as palmas intensificavam-se em consonância com as luzes que iluminavam o recinto.

00h45No Age começou poucos minutos depois da hora marcada. O grupo – constituído por Randy Randal e Dean Allen, de Los Angeles – aqueceu a tenda com um punk experimental que serviu de banda sonora ao “moche”, em frente ao palco. Durante o último concerto da noite, o recinto do Warm-Up foi-se esvaziando ainda antes do grande sucesso, “Fever Dreaming“, ser tocado em palco. O concerto terminou com um pequeno incidente, quando dois fãs subiram ao palco sem autorização e acabaram expulsos.

As reações ao primeiro dia

No final da primeira noite de aquecimento para o festival Paredes de Coura, a acontecer em agosto, o JPN foi falar com algumas das pessoas que vieram ao Warm-up. A maior parte veio ver Everything Everything e algumas pessoas do público confessaram mesmo que só chegaram a tempo do penúltimo concerto da noite.

Raquel Nogueira e Raquel Martins são estudantes na Universidade do Porto e naturais de Paredes de Coura. Em comparação, dizem que o “espírito não é o mesmo do Paredes de Coura “tradicional”: “Falta o rio e aquela vista”, afirmam. Também Miguel Araújo e João Machado, igualmente estudantes, vieram por No Age e Everything Everything e consideram a iniciativa “um bom aquecimento”.

Veronica Falls e The Wedding Present são também dois dos nomes mais mencionados pelos presentes. Raquel Fernandes, com 42 anos, é uma veterana do Paredes de Coura e veio para ver Veronica Falls. Afirma, no entanto, que o concerto de que mais gostou foi o de Everything Everything.

No geral, todos concordaram que o Warm-Up não é o mesmo que o Paredes de Coura.
Ainda que o ambiente citadino não tenha desagrado, “falta a mística”, afirma Raquel.