Eduardo Vitor Rodrigues, por que é que se considera uma mais-valia para Vila Nova de Gaia?

No espetro dos candidatos existentes, apresento as melhores condições e o melhor projeto. Tenho experiência na autarquia como vereador e estive envolvido em algumas medidas importantes como a redução do IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis], a oferta dos livros escolares, etc.. Tenho um conhecimento do terreno e dos seus problemas, algo até reconhecido por Luís Filipe Menezes. A minha candidatura não é por encomenda. Existe porque conheço Vila Nova de Gaia e tenho trabalho na autarquia. No atual perfil social e económico, exige-se, ao presidente, um perfil ligado aos seus problemas, dos quais estou mais próximo.

Quando se refere a candidatura por encomenda, está a referir-se a Carlos Abreu Amorim?

“O principal problema de Gaia não é a dívida, mas sim o desemprego”

Eduardo Vitor Rodrigues falou, também, sobre os principais problemas de Vila Nova Gaia, destacando a dívida municipal, o desemprego e os baixos níveis de escolaridade.

Não tenho vontade de me estar a referir a outras candidaturas. Mas o que sucede é que a candidatura adversária afirmou que a minha candidatura era de segundo nível, simplesmente pelo facto de não aparecer nas revistas cor-de-rosa. Pois tenho de lembrar à candidatura adversária que é, pelo menos, a quarta opção, e que foi negociada em Lisboa pelo Miguel Relvas e não em Vila Nova de Gaia por Luís Filipe Menezes, nem pelos militantes. Toda a gente sabe que a opção de Menezes era Guilherme Aguiar, mas a máquina partidária traiu-o. O candidato do PSD não conhece Gaia e, em vez de apresentar projetos, critica as outras candidaturas.

Vila Nova de Gaia tem estado sob a hegemonia do PSD. Considera-a uma autarquia social-democrata?

Vila Nova de Gaia não é social-democrata. Se repararmos nos resultados, o PS ganha em todas a eleições menos na Câmara Municipal. Os gaienses votam em Luís Filipe Menezes, não no PSD. O atual presidente criou o seu eleitorado próprio.

Como pretende estabelecer a ponte entre Gaia e Porto?

“A fusão não faz sentido nenhum”

[Através de] uma relação o mais íntima possível. No entanto, acho que a fusão não faz sentido nenhum, porque não se resolvem incompatibilidades entre autarcas com a fusão. Existem todas as condições para os vários autarcas da Área Metropolitana se entenderem e estabelecerem diálogo. A fusão não faz sentido num momento em que as crises de identidade e de valores estão tão acentuadas. Tivemos a oportunidade de verificar, com a reorganização administrativa, que as pessoas não aceitam a fusão de freguesias. Pior seria com as autarquias.

Qual é que acha que tem sido o impacto de uma relação menos boa entre Luís Filipe Menezes e Rui Rio?

O impacto é negativo. Os concelhos da Área Metropolitana do Porto têm muitas interdependências entre si. Por exemplo, o turismo de Porto e Gaia dependem do Aeroporto Sá Carneiro e do Terminal do Porto de Leixões. O Porto depende dos concelhos envolventes e tem havido uma fraca vontade de coordenar todos os interesses envolvidos. O que decorre também do facto de a Junta Metropolitana não conseguir cumprir esse papel de coordenação com algum distanciamento. Isto porque o presidente da Junta Metropolitana é um dos presidentes de Câmara. Existe uma desorganização institucional que não articula as áreas supramunicipais nem resolve conflitos entre autarquias. A receção do turismo cultural ou económico poderia ser otimizada com uma gestão metropolitana. Por exemplo: só 9% dos turistas visitam as caves do vinho do Porto em Gaia. Eu acho que há muito mais turistas interessados em lá ir se existir um percurso e uma oferta organizada.

O diálogo entre os municípios do Norte pode ser uma forma de criar uma força contra o centralismo?

“Os interlocutores que temos no Porto estão de costas voltadas”

Em Portugal existe uma concentração de poder em Lisboa. Em momentos de crise, muitos serviços são concentrados na capital. Lisboa vive dos serviços e do investimento ligados ao Estado e, para além disso, sediam-se lá as principais cidades e o turismo. Por exemplo: o único sitio que ficou sem TGV foi o Norte. Os interlocutores que temos no Porto estão de costas voltadas e o centralismo impera e usurpa meios e competências.

Tem alguma preferência sobre o próximo presidente da Câmara do Porto? Menezes, com quem já trabalhou, ou Pizarro, que é do mesmo partido?

Os interlocutores com quem vou trabalhar serão eleitos pela vontade popular, portanto, irei trabalhar com eles da mesma forma e respeitar a democracia, mesmo que a decisão do eleitorado não me agrade. Estarei aberto a dialogar com toda a gente, mas acredito que [Manuel] Pizarro represente um ar novo para o município e para a região.