A dúvida manteve-se até hoje, mas foi extinta com um comunicado aos sócios da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que não deixa espaço para interrogações.

A instituição, responsável pela organização da Feira do Livro do Porto desde 2009, “considera que não é possível a realização da feira nas mesmas condições de dignidade e qualidade dos anos anteriores”, já que “as conversações entretanto estabelecidas [com a Câmara Municipal do Porto (CMP)], no sentido de viabilizar a realização da feira, foram inconsequentes”.

Um percurso atribulado

Já em 2010 existiu um atrito entre APEL e CMP, que quase pôs em causa a relização da Feira. Na altura, o problema foi com a decisão sobre o espaço em que esta aconteceria. Se a APEL dizia que o evento iria ter lugar na Rotunda da Boavista, a CMP optava pela Avenida dos Aliados. O impasse resolveu-se a apenas sete dias da data marcada para o início da Feira do Livro.

Em questão está, essencialmente, o “apoio financeiro necessário à realização” da Feira (no valor de 75 mil euros), a cargo da Câmara do Porto, conforme previa o protocolo assinado entre as duas partes. Um apoio que, segundo a APEL, se tornou “imprescindível” e que a CMP, este ano, diz ser impossível manter.

Segundo o comunicado da associação, a CMP ter-lhes-á dado, em novembro, a informação de que apoiaria apenas a APEL “com a cedência de espaço e isenção de taxas camarárias”, já que “entende que a feira do livro é uma atividade comercial com fins lucrativos para os livreiros e editores”.

80 anos depois, a Feira não regressa ao Porto

Até hoje, no entanto, a APEL tentou negociar o apoio e ainda não tinha existido uma resposta definitiva quanto ao futuro da Feira do Livro do Porto. Em conversa com o JPN, em março, Avelino Soares, da APEL, disse que as opções ainda estavam em aberto, numa tentativa de negociação. Mas agora, “não havendo até ao momento um entendimento e uma vez ultrapassado o prazo possível, para a concretização da Feira do Livro”, tornou-se “inviável a realização deste evento cultural na cidade do Porto”, lê-se.

Contra o cancelamento da Feira do Livro está não só a APEL mas também cerca de 200 pessoas que já assinaram uma petição online, “Pela Feira do Livro“.

O cancelamento deste evento surge depois de mais de 80 anos depois da sua primeira edição, em 1930. Anualmente, recebia a visita de milhares de pessoas. A APEL diz ainda que um comunicado com esta informação deverá, em breve, ser enviado à imprensa. Já em Lisboa, a Feira do Livro realiza-se entre os dias 23 de maio e 10 de junho, no Parque Eduardo VII.