Marlon Barbosa Correia tinha 24 anos, era jogador de futebol em Arcozelo e estudante do 5.º ano, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Sempre participou nas atividades da Associação de Estudantes e da Queima das Fitas. Mais uma vez, estava nas bilheteiras a vender bilhetes para a maior festa dos estudantes.

Uma noite antes da semana mais longa da Academia começar, Marlon estava no sítio errado à hora errada: poucos momentos antes de chegar a empresa de segurança que transportaria o dinheiro feito nesse dia, quatro encapuzados irromperam pelo Queimódromo e tentaram roubar o dinheiro, que estava a ser contado. Dois seguranças da SPDE, a empresa de segurança do recinto, foram feridos. Para o estudante, finalista este ano, o encontro foi fatal.

A Queima das Fitas 2013 começou, assim, da pior maneira. A Federação Académica do Porto (FAP), no entanto, garante que a segurança dos estudantes não está comprometida. Rúben Alves, presidente da FAP, diz ainda que os festejos vão começar no dia e hora marcados, não deixando, no entanto, de “prestar o devido respeito” ao estudante, “recordando-o em todas as actividades académicas”.

Para os amigos e conhecidos de Marlon – e até mesmo para quem não o conhecia – esta atitude não parece suficiente. Nas redes sociais, exige-se justiça, apela-se à polícia e critica-se o facto de nada mudar no começo da semana académica.

Diretor da FADEUP apela à abstenção dos festejos

Em jeito de homenagem foi ainda criado um evento no Facebook, que apela a todos os que assim desejarem a deixar uma vela ou uma flor na rotunda da Anénoma, junto ao Queimódromo. O objetivo é que Marlon “não seja esquecido”. Em pouco tempo, já reuniu mais de 300 pessoas.

Já Jorge Olímpio Bento, diretor da FADEUP, em comunicado, falou da dificuldade de “encontrar palavras que exprimam a dor e a revolta” numa situação como esta e apelou a “todos os estudantes da Faculdade que se abstenham de participar nos festejos da Queima das Fitas”. “Sei e sinto, pelas mensagens já recebidas, que toda a Faculdade está de luto e quer encontrar formas de expressar a consonância com esse estado de alma. Somos seres simbólicos e os nossos atos também o são”, diz.

Pelos que o conheceram, Marlon é lembrado como “uma das melhores pessoas”. João Pereira, presidente da Associação de Estudantes da FADEUP, descreveu-o ao JPN como “um exemplo para muitos estudantes”.