O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), chega dos Estados Unidos da América (EUA) e pode significar um importante avanço no tratamento da toxicodependência.

Uma equipa de cientistas do instituto de investigação Scripps, apresentou, nesta semana, resultados positivos em testes pré-clínicos feitos a ratos dependentes de heroína. Os animais eram altamente viciados na droga e, depois de tomarem a vacina, deixaram de ter comportamentos compulsivos, como a procura frequente de heroína e em doses cada vez maiores.

Esta não é a primeira vacina para drogas a ser testada. Já existem outras experimentais contra a nicotina, cocaína ou a meta-anfetamina, mas as moléculas destas substâncias são, geralmente, demasiado pequenas para estimularem a criação de anticorpos no corpo humano. Perante isto, os cientistas compuseram a vacina com fragmentos-chave agrupados com proteínas – moléculas maiores e suscetíveis de estimularem uma resposta do organismo.

No entanto, a heroína acrescenta ainda uma outra dificuldade – o facto de se desintegrar muito rápido no sangue e de dar origem a um outro composto: 6-acetilmorfina. É esta substância que entra no cérebro e provoca grande parte dos efeitos da heroína. Mas a equipa norte-americana parece ter conseguido criar uma vacina que provoca a produção de anticorpos que atuam não só contra a heroína, como também contra a 6-acetilmorfina, neutralizando, assim, os efeitos das substâncias antes de penetrarem no cérebro.

Um outro aspeto positivo da vacina é que não bloqueia os efeitos de substâncias essenciais para o tratamento da toxicodependência, como a metadona, por exemplo. A vacina é, assim, perfeitamente compatível com as terapias de reabilitação e poderá, se os futuros testes em humanos forem promissores, juntar-se ao combate à toxicodependência.