A largos minutos do primeiro concerto da noite, eram já vários os jovens que, esta sexta-feira, junto à estação de metro da Trindade, aguardavam os autocarros vaivém, que garantem transporte gratuito do centro da cidade para o Queimódromo. Já nessa altura, a vinda dos sempre presentes Xutos e Pontapés, e dos Quinta do Bill, era motivo das conversas dispersas dos jovens. O tema perdia-se entre outros, triviais ou filosóficos, sóbrios ou embriagados, e foi abafado pelas canções e hinos dos cursos ou faculdades ou pelos queixumes de “está muito apertado” e “cheguem-se para lá”, após a entrada no “Autocarro da Queima”.

No Queimódromo, não eram só jovens os que aguardavam a chegada das duas bandas portuguesas. “Estes são mais do meu tempo”, disse ao JPN uma mãe que acompanhava a filha. No que aos mais novos diz respeito, as opiniões dividiam-se: se uns vieram propositadamente para ver Xutos e Pontapés, outros consideravam os concertos como um “bónus” da restante oferta do espaço.

O “country rock” dos Quinta do Bill

A peculiaridade do country rock dos Quinta do Bill, que fundem eletrónica, música tradicional portuguesa e influência celta e muçulmana, enfrentou uma pequena multidão. À medida que o tempo foi passando, mais pessoas chegaram e começaram a encher as áreas laterais.

O primeiro clássico da noite foi “Voa“. Ao ouvir os primeiros acordes e dos versos iniciais – “Sou mal amado, mas sei amar” – um grupo correu para junto do palco de braços abertos, como se os braços de asas de avião se tratassem. Em vez do original, “ainda agora aqui cheguei, e mil mulheres já amei”, o vocalista , Carlos Moisés, cantou “mil caloiras já amei”.

Com o êxito de 1998, do álbum “Dias de Cumplicidade”, os Quinta do Bill conseguiram a atenção do público. Durante o espetáculo, mostraram-se interativos com o público e chamaram a atenção com a introdução de um boneco gigante que correu e dançou à velocidade da música.

“Queria deixar uma palavra de conforto a todos vós – comunidade estudantil, família e amigos de Marlon”, disse o vocalista, recebido com palmas. A homenagem terminou ao som dos primeiros zunidos do velho e sempre reconhecível violino: “Se Te Amo“. Seguiu-se uma versão cantada a plenos pulmões de “Quando Eu Era Pequenino“, que agitou braços, cartolas e bengalas, elevadas ao céu. A última música da banda, antes da despedida, foi o também clássico “Filhos da Nação“. Ao lado, alguns dos mais acérrimos fãs de futebol cantavam a versão do Futebol Clube do Porto (“Filhos do Dragão”).

“X” marca o local

X” marca o local e é sinal de Xutos e Pontapés. Poucos minutos antes do concerto, surge na tela, por detrás do palco, o símbolo da banda. Também as camisolas com os nomes dos cursos e faculdades deram lugar, na noite de sexta-feira, a sweats com o símbolo da banda.

Após um minuto de silêncio, parcialmente cumprido, que durou pouco mais de 30 segundos, os Xutos e Pontapés subiram ao palco. Na primeira fila, encontraram os fãs que conheciam todas as letras de todas as músicas. O recinto encheu, as pessoas ocuparam a totalidade das laterais e amontoavam-se até junto das barracas.

Homem do Leme” foi o primeiro êxito da noite e permitiu à banda “navegar” durante um longo concerto, onde juntaram clássicos, músicas menos conhecidas, recentes ou de outros tempos, e novas músicas. A interação foi constante, numa sintonia entre público e banda: “Salta Tim, salta Tim”, ouvia-se entre o intervalo das músicas. “Fim do mês“, “Dia de S. Receber“, “Chuva Dissolvente“, “Quem é Quem” e “Circo de Feras“, foram algumas das músicas ouvidas. Em homenagem a Marlon Correia, cantaram “Faca no Coração”.

O concerto terminou com “À Minha Maneira“, mas, a pedido do público, a banda voltou para o encore, onde se fizeram ouvir os clássicos “Contentores” e “A Minha Casinha“, cantados a plenos pulmões e em uníssono com o público.