Em noite de clássico de futebol no Estádio do Dragão, os festejos atrasaram a chegada de muitos ao recinto do Queimódromo. À medida que iam chegando, os fãs do Futebol Clube do Porto faziam notar a sua presença. As camisolas de curso, trajes, cartolas e bengalas, deram lugar ou foram usadas em simultâneo com as cores do clube de futebol.

A noite começou, por isso, de forma tímida, com apenas um pequeno grupo de pessoas para receber os Brass Wires Orchestra. À medida que o tempo foi passando, mais foram chegando para ouvir o “gypsy punk” dos Gogol Bordello.

“São os Mumford & Sons portugueses”

Desconhecidos da pequena maioria, os Brass Wires Orchestra surpreenderam os que chegaram mais cedo ao Queimódromo. Desde logo, as comparações foram inevitáveis: “São os Mumford & Sons portugueses”, disseram alguns recém-conquistados fãs da banda, que surgiu em setembro de 2011 com alguns covers de artistas como Beirut e os próprios Mumford & Sons.

A timidez inicial foi ultrapassada logo nas primeiras músicas pela orquestra de oito elementos. Ao longo do concerto, no intervalo de cada uma das músicas, a interatividade foi constante. Entre agradecimentos aos presentes e à cidade, defenderam a Queima do Porto como a melhor do país, apesar de, segundo o vocalista, haver a ideia de que a melhor é a de Coimbra, onde estiveram esta sexta-feira.

Os agradecimentos estenderam-se, também, a Manuel Cruz, que lhes emprestou o banjo depois de o instrumento da banda se ter estragado durante a viagem de Coimbra para o Porto.

Gogol Bordello, um casamento cigano de curta duração

A meia hora do concerto, cheirava a Gogol. O minuto de silêncio não se fez, mais uma vez, cumprir em pleno, e o desligar das luzes fez com que os fãs da fila da frente achassem que seria dado início ao concerto.

A chegada foi enérgica e recebida num frenesim pelo público: pessoas saltaram a vedação junto ao palco e surgiram crowd surfers espontâneos dentro da multidão que chegava, agora, até junto da primeira barraca.

“Wonderlust King” foi uma das primeiras músicas a consolidar o casamento entre a banda e o público. À voz rouca de Eugene Hutz, juntaram-se as dos fãs em modo frenético. Com uma vitória desde o primeiro momento, os Gogol Bordello foram capazes de alternar músicas calmas com momentos mais intimistas, sem perder a atenção dos espectadores.

Do alinhamento, fizeram parte músicas como “Alcohol”, palavra repetida várias vezes em simultâneo com o público, ou “Start Wearing Purple”. “Lela Pala Tute“, do álbum “Trans-Continental Hustle”, foi outro dos sucessos de sábado, com o refrão cantado por todos, ainda que de maneira diferente por cada um. No fim do noite, a opinião era consensual: “Grande concerto!”.