A abertura do discurso que marca o início do ano parlamentar deu-se com o destaque da importância de “fortalecer a economia britânica”. Para isso, colocou-se enfoque sobre a questão da imigração. “O meu governo vai reformar profundamente o sistema de imigração, uma reforma que vai atrair pessoas com vontade de contribuir e expulsar os que não têm essa vontade”, disse a rainha Isabel II.

O governo de David Cameron e Nick Clegg quer, através de uma série de medidas, expulsar os imigrantes indesejados e aqueles que se dirigem ao país apenas com o intuito de se aproveitarem das condições oferecidas a todos.

Luís Sousa é emigrante, vive em Inglaterra e concorda com as medidas. Segundo o próprio, verificam-se situações de abuso por parte de imigrantes que tiram proveito das condições oferecidas: “Como se costuma dizer, “dá-se-lhes uma mão e eles querem o braço todo””.

Proibir o arrendamento de casas a quem não esteja numa situação legal e multar de forma mais pesada quem o faça, assim como acentuar as multas de quem contratar ilegais são algumas das medidas a aplicar. O subsídio recebido por quem se encontra numa situação de procura de emprego também só poderá ser atribuído a pessoas que procurem trabalho por mais de seis meses e que se encontrem em “condições genuínas” de o conseguir.

As medidas aplicam-se também a cidadãos da União Europeia e está em estudo a possibilidade de criação de taxas no serviço nacional de saúde a recém-chegados ou a criação de parcerias com os países de origem para que estes participem no pagamento de uma parte das despesas.

Emigração como alternativa e melhores condições

Para Luís Sousa, um jovem técnico de Turismo, emigrar para Inglaterra passou de alternativa a considerar a última opção: “Tinha 15 anos quando pensei a pensar nisso, mas ninguém leva um puto a sério”, disse ao JPN. A ideia foi, no entanto, afastada com a conclusão do curso e ingresso no mundo do trabalho. Nessa altura, passou a última opção: “Não foi por não ter emprego – eu tinha emprego e até nem ganhava mal na minha área – mas pelas condições oferecidas”, afirma, referindo-se à taxas excessivas e às condições de vida em Portugal.

“Para os jovens que querem ter algum futuro, [ficar em] Portugal não é uma boa ideia. É com muita pena que digo isto, até porque não me importava de voltar”, acrescenta. Luís Sousa critica, ainda, as excessivas burocracias nas relações com o Estado português e os impostos que de nada servem: “Aqui, em Inglaterra, também desconto; mas, os descontos servem para alguma coisa: por exemplo, vou ao médico e não pago absolutamente nada”.

O jovem nega alguma vez ter sentido preconceito ou discriminação pelo facto de ser imigrante e considera que “os outros países [de destino até] agradecem que tenham países de fora a produzir para eles”, através de uma mão-de-obra portuguesa e qualificada que opta por sair do país. O número de exemplos de pessoas que emigram é, segundo o próprio, cada vez maior o que, por sua vez, leva cada vez mais gente a pensar na saída do país como uma alternativa a considerar desde cedo.

Luís Sousa afirma ainda que a situação é diferente da de outrora: “Antigamente, até havia emprego mas não havia condições para estudar; agora, há condições mas não há emprego”, conclui.