“As pessoas têm uma relação dinâmica com o lugar. O território e a arquitetura têm de ser o espelho dessa condição humana, o reflexo das pessoas que vivem e habitam neles” – esta é uma das frases narradas por Samanta Correia, em “A cidade onde moro”, que aponta para um dos aspetos explorados no projeto: o reconhecimento do espaço como elemento de representação humana.

“O que tentámos fazer foi mais pessoal”, explica Pedro Ferreira. O documentário, composto por diversas imagens do centro do Porto explora a “alteração do espaço” e a “memória do centro”. Para o autor, estudante da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o que marcou a diferença foi “o facto de não apresentar o centro do Porto como um postal turístico, de não apresentar uma reportagem jornalística com conotações sociais ou um vídeo com montagem pontuada por música e imagens do Porto”.

“Ainda encontrámos diversos espaços antigos no meio de uma cidade em renovação e texturas que se foram criando com os anos” explica Samanta Correia. “Achámos interessantes todos os espaços, nomeadamente edifícios e alguns espaços degradados na cidade do Porto, que possuíssem uma mistura de textura, o novo e o velho a conviverem entre si”, conta.

O documentário, desenvolvido no âmbito da disciplina “Lab. Documentário” do Mestrado em Multimédia, foi exibido no 30.º Festival International du Film D’Environnement, bem como na 10.ª edição do Temps D’Images, em Lisboa, e no Festival FuturePlaces, em 2012.

O feedback obtido superou as expectativas, garantem os estudantes da FEUP: “Da minha parte nunca esperei que fosse criar algum tipo de reacção, era apenas um projeto de faculdade em que nos empenhámos bastante”, conta Samanta. “Nunca esperei ser convidado para apresentar o filme num festival internacional tal como aconteceu. Esperava apresentar em festivais locais em Portugal”, afirma Pedro.

O estudante desenvolveu, entretanto, outros documentários – “Permanece” e “Świebodzki“, que também têm como mote espaços abandonados ou a série de filmes experimentais “Home sequences #1-8” são exemplos.

Para Samanta Correia, a prioridade é, para já, “acabar o mestrado e assim que possível e caso haja a oportunidade, é conseguir entrar para doutoramento”, conta a estudante.