O auditório do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) recebeu, esta segunda-feira, mais uma conferência do seminário de comunicação política “Eleições Autárquicas no Porto: candidatos e comunicadores políticos”, organizado pelo Mestrado em Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras (FLUP).

Os convidados desta sessão foram Rui Moreira, candidato independente ao município do Porto, e Nuno Santos, assessor de imprensa da campanha. Ambos falaram sobre as estratégias de comunicação política que servem de base ao movimento liderado pelo presidente da Associação Comercial do Porto (ACP).

Do comentário ao discurso político

Nuno Santos abriu a conferência dando o seu ponto de vista sobre a relação entre jornalistas e assessores. Para o assessor de imprensa de Rui Moreira, um bom assessor deve ser um “provedor do jornalista”, e lamenta que “haja muita gente a sair da escola de comunicação mal preparada”.

Política e jovens

Questionado acerca da estratégia adotada para comunicar com o eleitorado mais jovem, Rui Moreira respondeu que é mais simples e fácil falar com jovens, porque “sabem questionar mais objetivamente e sem preâmbulos”.

Já o candidato à Câmara do Porto (CMP), explicou como a sua posição política obrigou a mudanças na sua forma de comunicar perante os media, uma vez que já não é apenas um comentador. Apesar de admitir que “precisa” de um assessor, Rui Moreira deixa um aspeto bem claro: “Nunca pedi ao Nuno para me dizer o que responder nas entrevistas”.

Falar à televisão nem sempre se justifica

O candidato à CMP constata ainda que há assuntos explorados em demasia, como, por exemplo, o caso da limitação de mandatos. Perante o auditório, o candidato confessou que chegou a recusar 30 segundos no horário nobre da RTP, uma vez que a entrevista se focava nesse assunto. Rui Moreira refere, no entanto, que esta hipermediatização leva a um trabalho “mais à antiga”, ou seja, ir ao encontro do eleitorado e promover conversas e tertúlias temáticas, como as que acontecem todas as terças-feiras, na sede do candidato.

Políticos e partidos

O assessor de Rui Moreira, Nuno Santos, salientou que “a maior dificuldade dos políticos não é falar, é ouvir”. Rui Moreira tem contrariado esta tendência e – consciente da importância da participação da sociedade civil na defesa da democracia – espera atrair o público, durante conversas, para que os portuenses contribuam para a construção do programa da sua candidatura.

Rui Moreira relembrou o seu distanciamento em relação a partidos políticos, mas sublinhou que o movimento conta com o apoio e colaboração de “vários espetros políticos, desde o PSD ao Bloco de Esquerda”. O candidato afirma, no entanto, haver um requisito necessário: “Não pode ter coisas em que não acredito”.