Quais são as três bandas que mais quer ver no festival? “Primeiro, Blur. Segundo… Blur. E terceiro… hmm… Blur? Não, também quero ver os Grizzly Bear”. Sem dúvida os mais aguardados da noite, os Blur foram os maestros de uma multidão. Durante cerca de uma hora e meia, o palco foi ampliado e estendeu-se às colinas do Primavera: o público cantava e saltava em conjunto com a banda. O desfile de êxitos ajudou à fácil conquista de um auditório já motivado.

Sem demora, o público teve aquilo que queria e o concerto abriu logo com “Girls and Boys”. A música já tinha começado quando os mais atrasados chegaram a correr e aos pulos, juntando-se ao coro que entoava o hit de 1994.

Alinhamento dos Blur

Girls & Boys
Popscene
There’s No Other Way
Beetlebum
Out of Time
Trimm Trabb
Caramel
Coffee & TV
Tender
Country House
Parklife
End of a Century
This Is a Low
Encore
Under The Westway
For Tomorrow
The Universal
Song 2

Mãos vazias, ou com copos, toalhas ou cigarros (“que cheiro a incenso; estão a vender bem o produto”, dizia alguém em tom divertido e irónico no público), estendiam-se em direção ao palco durante músicas como “There’s No Other Way”. À medida que os copos iam ficando mais vazios e sendo substituídos por outros na barraca de cerveja mais próxima, a banda “britpop” enveredou por um registo mais calmo e harmónico de “Bettlebum”.

“Coffee & TV” e “Country House” e “Parklife” deram continuidade ao desfile de êxitos cantados a plenos pulmões. Damon Albarn, ora frenético, ora calmo, com guitarra ou despido da mesma, só com microfone, interagiu com o público (a correr pelo palco ou de braços abertos) que, de quando em vez, ia regando com sucessivas garrafas de água. “Obrigado”, disse entre músicas, num português com sotaque britânico. “É bom estar de volta”, acrescentou o vocalista que aproveitou para elogiar o público português.

O encore abriu com “Under The Westway”, dedicada aos portugueses: “The next song is dedicated to you, being portuguese and being by the sea… and stuff”. As palavras foram acolhidas com gargalhadas do público que, minutos depois, se despediu da banda com os hits “The Universal” e “Song 2”.

A maturidade harmónica dos Grizzly Bear

Antes dos Blur, foi a vez dos Grizzly Bear chamarem à relva, em frente ao palco, uma multidão quase tão vasta quanto a banda que os sucedeu. Cabeças de cartaz, começaram com “Sleeping Ute”, a primeira do último álbum, Shields, de 2012.

Harmonias instrumentais e alternâncias no que à voz diz respeito, assim como riffs de guitarra e batidas de bateria, transportam para uma dimensão paralela. “Yet Again”, “Speak in Rounds” e “Knife” são algumas das músicas que ajudam à viagem, mas é com a batida de “Two Weeks” que os braços se levantam e os pés deixam o chão.

Mão Morta “agarram” público

Enquanto os Swans atuavam no palco Super Bock, no ATP os Mão Morta davam início ao concerto. No percurso para o palco que, durante alguns minutos, pertenceu aos portugueses, eram alguns os que corriam para chegar a tempo do início do concerto.

Rodriguez presente mas só em ecrã

O cantautor norte-americano, Rodriguez, não conseguiu estar presente para atuar no palco ATP, mas o filme sobre o seu desaparecimento, “Sugarman”, foi exibido no recinto. No entanto, apesar da exibição do filme que conta com a banda sonora do artista, foram poucos os espectadores que trocaram os palcos pelo pequeno ecrã.

Na sua origem, inspirados em Swans, os substitutos de Rodriguez agarraram o concerto desde o primeiro minuto. Pela frente, tinham uma plateia conhecedora e fiel que cantava em simultâneo com a banda. “‘Ganda’ Adolfo”, ouvia-se no fosso, depois de “Budapeste”, num elogio ao vocalista em movimento de uma elasticidade frenética.

Nas zonas intermédias do recinto, a voz profunda de Luxúria Canibal e as guitarras dos Mão Morta confundiam-se com as de Swans.

Os quatro palcos do segundo dia contaram ainda com as atuações de alguns dos nomes mais emblemáticos do cartaz. As atuações de Neko Case, Local Natives, Daniel Johnston, Melody’s Echo Chamber e Shellac atraíram a atenção do público, que se dividiu entre os diferentes palcos. As bandas Memória de Peixe e Dear Telephone estrearam, no mesmo dia de Mão Morta, a marca portuguesa na segunda edição do festival.