Há duas questões gerais no mundo dos media que o relatório anual da Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA), “World Press Trends“, sublinha: o jornalismo impresso continua em queda e o online não cativa tanto os consumidores como seria desejável.

O estudo, que englobou 70 países entre 2006 e 2012, refere que, de facto, os media digitais têm conseguido aumentar as audiências dos orgãos de comunicação social, mas nem por isso o retorno tem sido positivo.

A organização

WAN-IFRA é uma organização global de jornais e editores de notícias. Representa mais de 18 mil publicações, 15 mil sites online e mais de três mil empresas em mais de 120 países. A missão principal é defender e promover a liberdade de imprensa e o jornalismo de qualidade. O “World Press Trends” é um relatório anual e a principal fonte de dados dos jornais de todo o mundo. É elaborado e publicado pela WAN-IFRA desde 1989.

As receitas de publicidade não têm crescido, apesar do aumento da popularidade do meio, e o nível de envolvimento do leitor com as notícias online é baixo. Os jornais são ainda uma pequena parte do consumo total de Internet – apenas 7% – e representam só 1,3% do total de tempo gasto online e 0,9% do total de páginas visitadas.

Assim, “um dos maiores desafios para os editores continua a ser como aumentar a interacção das audiências com as plataformas digitais”, lê-se. Os conteúdos pagos também não estão a funcionar, uma vez que a informação gratuita na Internet é cada vez mais completa.

Porém, os smartphones e tablets – cada vez mais uma “extensão” do ser humano – são responsáveis por 20% das páginas de notícias visitadas e podem vir a servir de “tábua de salvação” do jornalismo online.

“Tendências que mostram que a nossa profissão ainda é promissora”

A circulação paga também tem vindo a declinar. Ainda assim, “os jornais atingem agora um vasto número de leitores” – através do impresso, do online e do mobile -, afirmou Vincent Peyregne, diretor executivo da WAN-IFRA, na apresentação dos resultados, esta segunda-feira, em Bangkok, na Tailândia.

E nem tudo são más notícias: “As últimas tendências mostram mesmo que o engajamento do leitor com a publicidade impressa continua a funcionar” e que mais de metade da população adulta do mundo lê, pelo menos, um jornal diário.

“Enquanto os editores de todo o mundo se continuam a preocupar com o desafio dos orçamentos reduzidos e redações cada vez mais pequenas, também há uma série de tendências que mostram que a nossa profissão ainda é promissora”, garantiu Erik Bjerager, presidente do Fórum Mundial de Editores.

Para além disso, constatou-se, há cada vez mais “narrativa inovadora”, com mais editores a pensar nos elementos multimédia logo no início do processo.