Um grupo de investigadores do Instituto de Biotecnologia da Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM) desvendou, através de um estudo da composição dos espermatozóides, que dentro destes existem canais iónicos – proteínas fundamentais ao espermatozóide, que lhe permite mover-se corretamente.

Com a descoberta, percebeu a possibilidade de criar um contraceptivo oral para homens – à semelhança da pílula para a mulher. A grande diferença é que não terá qualquer influência hormonal e nenhuns efeitos secundários.

Basicamente, os investigadores querem poder bloquear os canais iónicos, através da criação de um fármaco para esse efeito, dirigido apenas a estas proteínas. O resultado será a inibição da função da célula reprodutora. Uma vez que a existência destes canais é exclusiva dos espermatozóides, a toma desta “pílula masculina” não afetará outras células do corpo.

Efeito é reversível – basta interromper a administração

A fertilidade também não está ameaçada: uma vez que o corpo masculino produz novos espermatozóides todos os dias, assim que o homem deixar de tomar o contraceptivo as novas células voltam a ter mobilidade, ou seja, esta pílula atua apenas durante o período de administração.

“Existe a necessidade de criar estratégias de controlo da natalidade e até ao momento não há um anticonceptivo masculino reversível que seja eficiente e seguro”, destacou Alberto Darszon, que lidera a investigação. Agora, os próximos meses serão passados no laboratório, com o desafio de encontrar um tipo de molécula que apenas bloqueie os canais iónicos e permita, assim, esta infertilidade temporária.

No projeto participam ainda outros colaboradores dos Institutos de Fisiologia Celular e de Biotecnologia da UNAM – Claudia Treviño, Takuya Nishigaki e Arturo Hernandéz – e Arturo Picones, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, que trabalha na área há 12 anos, para a indústria farmacêutica.