No Bairro da Lomba, escondido entre Campanhã e o Heroísmo, há cerca de mil pessoas, entre 32 ilhas, com idades maioritariamente entre os 70 e os 80 anos. Antigo bairro operário, é pobre – como sempre foi – e esquecido pelas “entidades oficiais, como a Câmara”, diz Ricardo Martins, de 68 anos, presidente da Associação de Moradores da Lomba. “Esquecem-se que existem aqui seres humanos”, sublinha, “mas as fábricas fecharam e eles mantiveram-se cá”.

No São João é quando o bairro finalmente desperta para a cidade – ou vice-versa. De há uns anos para cá, a cascata da associação arrecada sempre algum prémio, mesmo que se esconda no cantinho do salão de bailes da sede. Aqui, mesmo com a criminalidade [“eles só passam aqui de carro, menina”], os cortes nas reformas [“umas de 180 euros, outras de 200 se tanto”] e as vidas difíceis – que este ano impedem a sardinhada – a tradição está enraizada e o JPN quis conhecer este Porto de perto em vésperas de São João.