São dois fatos distintos – um para mergulhadores, outro para surfistas – mas com apenas um objetivo: tornar os humanos “invisíveis” aos olhos dos tubarões, ou confundi-los ao ponto de permitir a saída dos indivíduos de dentro de água.

O “Elude”, fato destinado aos mergulhadores, é de tons azuis e brancos e esconde os indivíduos na água, confundindo as percepções de luz e cor dos predadores. Já o “Diverter”, para surfistas, tem riscas pretas e brancas e cria um padrão que, segundo os cientistas, repele os tubarões – que o interpretam, naturalmente, como um sinal de perigo.

A base científica

A equipa do Instituto dos Oceanos que participou neste projeto, dirigida pelos professores Shaun Collin e Nathan Hart, têm vindo a estudar a visão do tubarão há alguns anos e já fez uma série de descobertas científicas relativas aos sistemas sensoriais dos tubarões – como o facto dos tubarões verem a preto e branco. Dizem ainda que, embora os tubarões usem uma série de sentidos para localizar a presa, a visão é crucial na fase final de um ataque. Assim, se a perceção visual for afetada, um ataque ou pode ser desviado por completo ou pelo menos adiado.

“[Para criar estes fatos] interpretámos uma ciência inovadora relacionada com os sistemas de visão dos tubarões e conseguimos convertê-la em materiais que criam alguma confusão aos olhos destes animais”, explica Craig Anderson, responsável pela criação – em parceria com Hamish Jolly e o Instituto dos Oceanos da Universidade Ocidental da Austrália (UWA) – em declarações à agência AFP.

A incidência cada vez maior dos ataques destes animais, nesta região do país (ocorreram cerca de cinco ataques fatais nos últimos dois anos), e a procura, por todo o mundo, deste tipo de soluções foram duas das razões que originaram a criação, que é ainda o culminar de um projeto de dois anos, financiado pelo governo australiano.

“Por todo o mundo, todos estão nervosos com a ideia de ir para o mar”

“Toda a gente procura uma solução. Por todo o mundo, não apenas na Austrália, todos estão nervosos com a ideia de ir para o mar”, salienta o co-criador dos fatos. “Esta é uma solução segura, natural e não prejudica os animais”.

Anderson e Jolly, que detêm a empresa Shark Attack Mitigation Systems (SAMS), começaram os testes em janeiro de 2013 têm obtido bons resultados, mesmo que ainda haja caminho a ser percorrido. Mesmo assim, já licenciaram a ideia e já estão a aceitar pré-encomendas online. Atualmente, o preço dos fatos ronda os 300 euros.

Esta tecnologia – que vai ser alvo de um documentário da National Geographic, a ser lançado mundialmente em julho de 2013 – poderá ainda, num futuro próximo, ser incorporada em outros materiais, como pranchas, kayaks ou esquis.