Um dia no SBSR é acordar tarde mas nao demasiado, porque o calor nao deixa. É tentar adiar o momento do banho, já que não há alternativa à água gelada (exceptos nos dois ou três individuais, ao início da colina, em que há água quente quando não está mais ninguém, a altas horas da madrugada).

É fazer do banho uma experiência em grupo, à maneira de Coura, e chegar à tenda, à caravana, o que seja, com os pés em lama. Depois do almoço que devia ser pequeno almoço, seja cereais ou esparguete, a fila para lavar a louça (que em alternativa fica em pilha até à hora de jantar) e a ida para a praia.

No Meco quase todos sabem quem lá está para o festival e as amizades fazem-se rápido. O sol embala, o vento refresca, a preguiça ajuda a recuperar energias e a bebida alimenta os corpos. Os mais corajosos, vão dando uns toquezinhos na bola e poucos vão á água por causa da história das algas.

Estão todos lá para o mesmo: os concertos

Lá para a sete da tarde, a debandada no pórtico de entrada para os que chegam só para esse dia ou a hora de acender o fogareiro para os que lá habitam. Uma luta com chamas pequeninas e panelas grandes, em prol de preparar o estômago mais uma noite.

No recinto, a verdadeira festa acontece. Dos caçadores de brindes e desafios aos sentadinhos na relva, estão todos lá para o mesmo: os concertos. Por isso, quando as bandas começam a juntar mais pessoal em frente ao palco, as coisas começam a comprimir e quem tenta avançar no terreno pelo meio da multidão leva com muitos olhares de poucos amigos.

Não interessa nada, se a banda que se quer ver valer a pena, como valeram Arctic Monkeys no primeiro dia. Pode, no entanto, apanhar-se um moshe no caminho, como nos enérgicos Kaiser Chiefs. Ou até mesmo ser impossível continuar, como em The Killers. A menos que todos estejam pasmados, de olhos presos no palco e queixo caído, que nem reparam no que se passa à volta, tal como em Queens of The Stone Age.

No fim, a descarga de adrenalina não deixa ninguém dormir e a noite ainda é uma criança. Mesmo que na tenda do after-hours só haja “puntz puntz”. Faz parte.

Queens of The Stone Age lotaram o recinto, no último dia

Este ano, passaram pelo Super Bock Super Rock cerca de 85 mil pessoas e o último dia esgotou. No recinto, ninguém notou. É que as condições, apesar de tudo, sofreram melhorias significativas que estiveram à vista de todos. A resposta rápida a problemas de terreno, a aposta no cartaz, mais infra-estruturas de apoio aos campistas… E já toda a gente esqueceu o pó.

Por isso mesmo, na edição anterior à dos 20 anos, o SBSR “fez as pazes com o público”, como referiu Luís Montez, da Música no Coração, promotora do festival, ao DN. Para o ano, o aniversário vai ser comemorado à altura, apesar de ainda não haver datas. A organização quer voltar a ver Arcade Fire no palco principal e mais estrangeiros entre a plateia.

Para já, o JPN deixa alguns dos momentos desta 19.ª edição do festival do Meco.