A antiga frente ribeirinha de Barcelos, onde se localiza o Palco Taina – mostrou-se pequena para acolher os festivaleiros mais ansiosos, já que a primeira noite do festival em tudo se assemelhou a um warm-up: concertos num só palco, entrada gratuita e horários reduzidos. Os socalcos cimeiros ao piso principal e os bicos de pé acabaram por ser as principais formas de contornar a enchente.

Entre o apetitoso e convencional cheiro das bifanas a grelhar e as malgas de vinho tradicionais e estilizadas, a música electrónica repleta de sons veraneantes e dançáveis promoveu a primeira catarse coletiva do festival. Inicialmente com o kuduro franco-africano dos Claiana, a comprovar que um computador, uma guitarra, falsetes bem conseguidos e moves de dança que lembram o Michael Jackson são suficientes para fazer a festa.

Nuances de um tropicalismo que regressou, depois da atuação de Sabre, com um dj set a quatro que juntou Lynce, Quesadilla, Pedro Beça e Tofu. Clássicos da música brasileira ou remisturas de algum blues do Mali deliciaram os mais resistentes, que ainda assim não saíram saciados.

Alguns eram os que se encontravam sentados pelas pequenas áreas relvadas, completamente alheados à música, até porque os motivos que trazem estes milhares de jovens a Barcelos são bastante díspares. Os Spacin’ poderão perfeitamente ser um deles. Como o próprio nome indica, são uma viagem ao espaço. Vindos de Filadélfia, apresentaram um rock n’ roll à antiga, apetrechado de distorções, e que se prolonga através de explorações psicadélicas.

Experimentações dispensadas pelos portugueses Holocausto Canibal que trouxeram o moshe à baila, para delícia de uma série de seguidores já fiéis. Um vocalista imparável abafado pelo ribombar da bateria ainda mais portentoso, tão intrínseco ao grindcore.

Hoje a história é outra: abertura da piscina, quatro palcos em funcionamento, concertos espalhados pela cidade, realização de videotecas, Jacco Gardner e Mikal Cronin. Abram alas ao Milhões de Festa.