Em contagem decrescente para o fim do Vodafone Paredes de Coura, os Belle and Sebastian subiram ao palco principal para ficar na história do festival. Com quase 20 anos de carreira e oito discos editados, a banda escocesa não facilitou e ofereceu ao público courense um dos melhores concertos de todo o evento.

Primeiro “Judy Is a Dick Slap”, depois “I’m a Cuckoo”, mais “Judy and the Dream of Horses” e ainda “Get Me Away From Here I’m Dying”. Estas foram apenas algumas das melodias que, muito ao jeito de um mundo de fantasia que todos desejam, se revelaram derradeiras para a visível cumplicidade que se estabeleceu entre a banda e a audiência. Comunicativo, o vocalista Stuart Murdoch convidou ainda alguns fãs a subir ao palco para, entre saltos e coreografias, acentuar um clima de festa nunca antes vivido nesta edição do festival.

A fechar as cortinas, os franceses Justice também não desiludiram. Apesar de um começo atordoador, cedo mudaram o rumo do concerto para trazer à terra uma audiência que tinha subido às nuvens com a atuação anterior, a cargo dos escoceses Belle and Sebastian. Ao som de “Block Rockin’ Beats”, dos Chemical Brothers, “I’m So Excited”, das Pointer Sisters, “Modern Dance”, de David Bowie, e “You Can’t Hurry Love”, de Phil Collins, o público acabou por se render e dançou, saltou e vibrou até ao final do concerto.

Os Black Bombaim foram os primeiros a subir ao palco principal para oferecer aos festivaleiros um rock instrumental assumidamente psicadélico. Os espectadores, os que vibravam nas primeiras filas e os que apreciavam sentados na relva do recinto, mostraram-se animados com a atuação do trio barcelense, validando a expressão “o que é nacional é bom”.

Mas o primeiro momento de grande euforia da noite apareceu com os Palma Violets. O quarteto inglês não teve mãos a medir e encheu de entusiasmo um recinto ainda por lotar. Ao público courense, o grupo formado em 2011 ofereceu um rock de garagem a jorrar o punk, refletido num conjunto de canções como “Best of Friends” e “Step Up for the Cool Cats”, extraídas de “180”, o seu único álbum. Um baterista que trepa um suporte metálico, um baixista efusivo, festivaleiros em “mosh” e “crowdsurfing” foram também as grandes marcas desta atuação.

“Nós conseguimos continuar a florir”

“O contentamento é generalizado com a melhoria das condições e os novos acessos”, disse João Carvalho, diretor do festival, em conferência de imprensa. “Apesar da grande crise que vivemos, conseguimos chegar às 100 mil pessoas nos cinco dias. Num ano em que tantas flores murcham, nós conseguimos continuar a florir”, acrescentou, mostrando-se satisfeito com esta edição do Paredes de Coura.

A edição de 2014 já está confirmada e as datas e os primeiros nomes serão revelados no próximo mês. “No próximo ano, o patrocínio da Vodafone é para se manter”, referiu ainda João Carvalho.

O melhor e o pior do festival

Em dia de balanços, nada como ouvir, da boca de quem sente no corpo as marcas do ambiente festivaleiro, o melhor e pior dos cinco dias de romaria. Para Gonçalo Ribeiro, “o rio, o sol e algumas bandas como os Alabama Shakes e Hot Chip” são a melhor lembrança que leva deste festival. Fernando Pinto elege “a área de carregamentos dos telemóveis”, e Pedro Lopes, mais conhecido pelos amigos por “Mordida”, não deixa de valorizar o local onde decorre todo evento.

Apesar da limpeza frequente das casas de banho, Gonçalo Ribeiro salienta como ponto negativo a falta de higiene das mesmas, enquanto Fernando Pinto dá nota negativa à “atuação dos The Knife” e à água gelada onde é “obrigado a tomar banho”. Pedro Lopes, por sua vez, considera as partes menos boas pouco relevantes, para logo de seguida justificar: se quisesse tudo cinco estrelas ia para um hotel.

Mais uma vez, e em 21 anos de escola, o “aluno” Paredes de Coura não precisa de ajuda para passar de ano. A nota foi positiva.