O mural é composto por três partes: uma imagem de Rui Rio sorridente, a assinatura “RUA” (do Colectivo RUA, composto pelos writers Alma e Draw) partida em duas metades e, a destoar, a expressão “anti-grafitos”, um pequeno ato de vandalismo programado que completa a obra.

“Anti-grafitos”, mais uma camada de street-art do projeto Avessos, no espaço 1.ª Avenida, no Porto, “é uma brincadeira, uma crítica de um assunto sério que afeta o nosso trabalho e o de alguns colegas da zona Norte”, explicou ao P3 Frederico “Draw” Campos, que não considera o mural “abusivo, agressivo ou malicioso”.

“A ideia foi aproveitar o local onde intervimos”, prosseguiu, referindo-se a um espaço gerido pela empresa municipal Porto Lazer, junto à Câmara Municipal do Porto, uma das mais radicais do país no combate à street-art.

“Todos sabemos que existe uma campanha anti-graffiti por parte da Câmara. Nós apenas quisemos colocar o presidente da Câmara numa parede. Se ele se vir espelhado numa parede pode ser que mude a imagem que tem do graffiti e que passe a ver a street-art com outros olhos”.

A aproximação das eleições autárquicas com o consequente fim do terceiro e último mandato de Rio à frente da Câmara do Porto (“o tempo de Rui Rio está a passar, mas não sabemos se o que vem aí é melhor ou pior”) é apenas um sinal de mudança. “Há cada vez mais eventos na cidade e na periferia. Mais cedo ou mais tarde as pessoas vão perceber que o Porto precisa de incentivar e preservar a street-art“.

Recorde-se que pelo projeto Avessos, com curadoria de Patrícia Costa, já passaram nomes como Daniel Gamelas, Daniel Moreira, Hazul, Pantónio, Third, KiNO e Maniaks.