“Foi uma ideia que surgiu numa das reuniões que acontecem regularmente, entre as associações académicas”, conta Rúben Alves, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), um dos impulsionadores do projeto “Eu Mando“.

O conceito, que nasceu no seio da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE) mas rapidamente foi apoiada pelas restantes associações, sugere que estas tenham “um papel mais ativo na mobilização dos jovens para o voto, nas eleições autárquicas”.

A política e as associações académicas

“Falo especificamente sobre a Academia do Porto quando digo que, depois de se terem vivido tempos em que as associações de estudantes por esse país fora eram instrumentalizadas por partidos políticos, agora há uma realidade diferente. Mas atenção: as associações são apartidárias e não ‘aideológicas’. Muitas vezes, nas posições que assumem, percebe-se que há uma linha de pensamento. No entanto, em relação à influência de um partido ou de outro nas estruturas académicas, temos conseguido afastar-nos disso”, garante Rúben.

O objetivo é diminuir a abstenção crescente (em 2009 foi de 41%), principalmente entre as camadas mais jovens, e “convencer os estudantes do ensino superior – e não só – de que o seu voto é importante e que pode fazer a diferença”. “Em cada uma das eleições, as políticas para a juventude são normalmente um pouco ignoradas, já que há números que mostram a dificuldade de mobilização dos jovens para votar”, explica Rúben.

Caso não se identifiquem com nenhum dos projetos, os estudantes “nem sequer precisam de votar em nenhum dos candidatos”, mas podem, pelo menos, “ir fazer um voto em branco”. O facto de se mobilizarem “já é importante”, garante.

FAP esclarece com os candidatos temas relativos aos estudantes

Materializado numa página do Facebook criada no início de setembro, o projeto não despertou, no entanto, muita atenção. Já divulgaram algumas informações úteis mas até agora conseguiram pouco mais de 1200 “likes”. No Porto, no entanto, está a ser feito um esforço adicional – quer para chamar a atenção dos estudantes quer para estreitar relações com os candidatos.

“Até agora, a FAP reuniu-se com três [candidatos]: Rui Moreira, Manuel Pizarro e Nuno Cardoso. Entretanto, estamos a tentar contactar as outras campanhas”, conta Rúben. Os debates, que acontecem ‘à porta fechada’, são, “acima de tudo, de esclarecimento”. Alojamento académico, a segurança dos pólos estudantis ou os transportes públicos são alguns dos temas ’em cima da mesa’.

“Ignorar as vontades” dos estudantes universitários “seria um erro”

Quanto ao alojamento académico, por exemplo, “é mesmo preciso fazer alguma coisa”, sublinha Rúben. “Criar uma espécie de marca de qualidade do alojamento académico, para que haja a garantia de que há condições de habitabilidade ou de que o senhorio passa recibo, por exemplo”, é uma das propostas, até agora bem recebida por todos os candidatos.

“Parece-me que todos reconhecem a mais valia que a universidade e as outras instituições de ensino superior têm na cidade do Porto”, afirma. “Os estudantes universitários são uma das forças vivas mais importantes da cidade e ignorar as suas vontades seria um erro”, acredita.

As eleições autárquicas realizam-se a 29 de setembro e tem como objetivo a eleição dos novos presidentes de câmara, junta de freguesia e assembleia municipal.