Nuno Cardoso, antigo presidente da Câmara do Porto e, agora, candidato independente ao mesmo órgão, falou ao JPN sobre as principais propostas de ação para a governação da cidade, onde os jovens são, na sua opinião, fundamentais.

Para Nuno Cardoso, nas eleições autárquicas do próximo domingo, a austeridade não pode servir de justificação para a falha na criação de um futuro para os mais novos e, por isso, diz que vai “lutar, junto da universidade, e permitir que toda a gente que tenha capacidades consiga tirar os seus cursos, porque isso é um património que não pode ser alienável”.

O candidato independente à Câmara do Porto considera que esta deve ser “um parceiro e um catalisador” de todos os processos que são gerados no âmbito da Universidade do Porto. Além disso, deve ser “um veículo de ligação entre a universidade e o tecido empresarial”, de forma a criar mais emprego e inovação. Quando questionado acerca da relação entre as duas instituições, Nuno Cardoso preferiu não comentar o passado, afirmando que apenas está interessado em construir o futuro.

Centro de Congressos do Porto

Nuno Cardoso defende que o espaço ideal para a localização de um Centro de Congressos do Porto é no Vale de Campanhã, entre a estação ferroviária e a estação do metro do Estádio do Dragão. A infraestrutura terá uma capacidade para cerca de quatro a cinco mil pessoas e pretende-se que seja, também, um ex-líbris arquitetónico da cidade. Nesse sentido, permitiria a instalação de hóteis e casas de comércio numa zona que, segundo o candidato, se encontra “esquecida” pelo Porto.

Futuro esse que passa por um Porto forte, grande e poderoso, daquele que se autonomeia como “o candidato do povo”, afirmando que o que o une à localidade “é a paixão pelo Porto, a paixão por querer fazer do Porto outra vez uma grande cidade, uma cidade liderante da região e do país”.

Nuno Cardoso acredita que um dos fatores que o distingue dos restantes candidatos é a sua experiência de 27 meses na liderança da autarquia portuense (entre 1999 e 2002). “Nós estamos mais habilitados para, num curto espaço de tempo, fazer esse resgate da cidade a uma economia mais sustentável, a uma vida mais sustentável e a um Porto mais grandioso, que é o Porto que nós merecemos”, diz o candidato independente em entrevista ao JPN.

“Reativação, Reanimação e Reabilitação da cidade”

Na opinião de Nuno Cardoso, a pobreza e a miséria, bem como o declínio económico, são algumas das consequências da evolução e transformação negativas ocorridas nos últimos anos, no Porto. Para o candidato, os grandes flagelos da cidade são o desemprego, o abandono dos mais desfavorecidos, o despovoamento, a fraca industrialização e comercialização e a degradação urbana. “Nós precisamos de, urgentemente, criar riqueza, criar emprego e criar sustentabilidade”, afirma.

Episódios como o do Cinema Batalha são, para o independente, o espelho da falta de iniciativa do antigo Executivo. Recentemente, a candidatura “Nuno Cardoso – Porto de Futuro” reativou o cinema e devolveu-o à população portuense para que lá se realizem espetáculos e/ou exposições culturais. Segundo o candidato, esses eventos estão a acontecer regularmente.

Relativamente ao Mercado do Bolhão, Nuno Cardoso considera que se deve manter e respeitar “a alma do Bolhão”, que são “as peixeiras e as vendedoras do levante”. O candidato não exclui a possibilidade de se instalarem alguns pequenos restaurantes no espaço, mas recusa propostas como a criação de residências universitárias ou hotéis. O ex-presidente da Câmara do Porto revela que o Bolhão foi um dos projetos que lhe deixou mágoa, por não ter conseguido concretizar a obra durante o seu mandato, devido à falta de recursos.

Nuno Cardoso pretende criar ainda ligações entre as Fontainhas e os Guindais, construindo e fixando a encosta, de forma a acabar com o isolamento do bairro das Fontainhas. Além disso, serão criadas habitações para ex-moradores, devolvendo a identidade cultural que tinha sido retirada ao local.

A relação da cidade com a Cultura

A cidade do Porto foi Capital Europeia da Cultura em 2001, ano em que Nuno Cardoso estava à frente da Câmara. Nessa época surgiram ou foram requalificados diversos espaços e equipamentos culturais, como a Casa da Música, o Teatro Carlos Alberto, o Teatro Nacional São João e o Centro Português de Fotografia.

Por isso, o agora candidato ao mesmo cargo considera que a Cultura é uma das prioridades do seu manifesto, propondo a criação de novos museus (por exemplo, o Museu de Etnografia ou o Centro Interpretativo do Cerco do Porto e do Liberalismo). Deste modo, Nuno Cardoso pretende “criar mais produto cultural, para que o turismo de qualidade se fixe e venha por mais dias”.