Ansiedade, ligeira taquicardia, falta de ar, dor de cabeça… estes são alguns sintomas que, no limite, podem ocorrer quando um ‘nomofóbico’ fica sem poder aceder ao telemóvel, nem que seja por breves minutos.

Nomofobia

A nomofobia foi identificada pela primeira vez em 2008. Os “viciados” sofrem de uma grande ansiedade sempre que são privados do telemóvel. O primeiro estudo sobre o fenómeno aconteceu em 2008 e foi realizado pelo governo britânico.

O fenómeno foi estudado pelo Centro Espanhol de Estudos Especializados em Transtornos de Ansiedade (CEETA) e concluiu que, em Espanha, a nomofobia [cujo nome advém da conjunção das palavras ‘no’, ‘mobile’ e ‘fobia’] atingia cerca de 53% dos utilizadores.

A psicóloga Rita Antunes acredita que, em Portugal, “a realidade não deve ser muito diferente”, diz, em entrevista ao JN. Uma realidade que advém do “gosto de estar em constante contacto” e da “necessidade de comprovar essa comunicação, vendo os emails com frequência, a um ritmo cada vez mais acelerado”, explica.

Seja pela atualização da vida social, para os mais jovens, ou pela carreira profissional, para os mais velhos, todos querem manter-se atualizados ao minuto. “Há muita gente que não o desliga durante a noite, não o desliga durante as consultas e, quando o perde ou fica sem cobertura, surgem os sinais de alarme”, afirma a psicóloga.

Os ‘nomofóbicos’ têm, habitualmente, mais baixa auto-estima

Um outro estudo, realizado em 2011 por Francisca López Torrecillas, professora das Univeridade de Granada, já tinha adiantado que 8% dos estudantes universitários espanhóis sofrem desta adição.

A baixa auto-estima, por exemplo, é uma das consequências da dependência do telemóvel. No entanto, na altura, a investigadora afirmou que, neste caso, muitos estudantes universitários dependiam dos seus telemóveis “para obter informação ou encontrar o apoio da família, que está longe deles”.

Em 2012, mais resultados relacionados com o fenómeno. Desta vez, uma investigação levada a cabo na Universidade de Worcester, no Reino Unido, conclui que 66% da população do país sofre de nomofobia. 41% dos entrevistados para o estudo chegavam mesmo a carregar, habitualmente, dois dispositivos, de modo a nunca ficarem incontactáveis.

Dados em Portugal

Em Portugal, 3,5 milhões de pessoas têm smartphones – 39,6%, segundo dados da Marktest. Nos jovens, a taxa supera os 50%.

Em Portugal ainda não há números concretos, mas é certo que, na prevalência de telemóveis por habitante, está muito acima de Espanha: 157,9% por cada cem mil habitantes, enquanto que no país vizinho desce para os 125%. Para além disso, em termos de percentagem de população que é cliente de uma rede móvel Portugal ocupa o 4.ª lugar na União Europeia: 92,5%. Espanha está em 23.º lugar.

“Autogestão”, “estipular horários”, “erradicar o telemóvel das refeições” e outras medidas de controlo tornam-se assim cruciais para quem já não vive sem o companheiro tecnológico.