Os cartazes com as caras dos candidatos às últimas eleições autárquicas já não precisam de acabar deteriorados ou esquecidos em armazéns. A organização não-governamental (ONG) Viver 100 Fronteiras está a recolher as telas usadas em outdoors de partidos políticos e movimentos independentes espalhados por todo o país. O destino é Geba, no interior da Guiné-Bissau, onde a ONG está a reabilitar um centro de saúde e uma escola primária.

A ideia partiu de Carlos Sousa e Henrique Carrola, da agência de comunicação que trabalhou na campanha de Nuno Cardoso à Câmara Municipal do Porto, e a ONG lançou o desafio na página de Facebook. A Viver 100 Fronteiras, com sede em Fiães, Santa Maria da Feira, já tem “largas centenas de metros quadrados de lona”, diz Carlos Sousa, de “meia dúzia de candidaturas”, em armazém e tem recebido ofertas de todo o país, diz Patrícia Soares, coordenadora de projetos da ONG.

Estas lonas vão ser “super importantes” para a organização, garante Patrícia. A construção de tendas ou a cobertura de casas ou instituições sem telhado são dois dos destinos que podem vir a ter, ainda em bruto. Depois de transformadas podem servir para a criação de “sacos para a apanha de caju ou arroz” ou mochilas escolares, aponta Patrícia.

“O processo está um bocadinho atrasado”, admite. Contudo, a coordenadora espera conseguir enviar as primeiras telas, ainda por tratar, no próximo contentor a seguir para a Guiné-Bissau. O envio das restantes, possivelmente já transformadas, é ainda uma incógnita. Isto porque a questão dos contentores, que podem demorar mais de vinte dias a chegar ao destino, é sempre “uma dor de cabeça” para a ONG.

Para já não existe prazo para a recolha de telas, que podem chegar a custar “mais de cinco mil euros”, aponta Patrícia. A próxima missão da Viver 100 Fronteiras à Guiné-Bissau está agendada para março e as estruturas de campanha interessadas devem contactar a ONG ou a agência de comunicação que trabalhou com Nuno Cardoso, a Inflyence.