O Iberanime deste ano começou mais cedo do que o costume. Nas filas de acesso ao recinto. No exterior, as conversas eram carregadas de vocabulário específico dos jogos ou séries do universo japonês. Em cada grupo, discutiam-se episódios e personagens. Durante o fim-de-semana não houve outro assunto e o Pavilhão Multiusos de Gondomar foi o espaço físico onde a comunidade de fãs da cultura nipónica, muitas vezes mergulhada nos meios virtuais, se pôde reunir.

No interior, o entusiasmo dos fãs foi-se diluindo pelo espaço de feira e pelos dois palcos. Na feira, os olhos e as mãos entrelaçavam-se na procura pelas famosas mangas. Mas não só. Os peluches e as figuras de ação das várias personagens animadas também iam saindo das bancas para enriquecer a coleção dos que por lá foram passando. Um dos stands mais visitados foi o da série Dragon Ball, onde Pedro Mendes, colaborador do espaço, disse não ter havido “um tempo morto”.

No domingo eram poucos os artigos em cima das bancas. Para Cristiano Gonçalves, pela primeira vez no Iberanime, estes eventos são “engraçados porque têm coisas diferentes que não se consegue arranjar na Internet”, além do fator proximidade com uma comunidade familiar. A interação com os outros fãs também merece elogios de Ana Freitas, já mais habituada a estas andanças: “É a segunda vez que venho ao Iberanime e acho que evoluiu muito em relação ao ano passado. Este ano as pessoas parecem estar muito mais dentro das várias atividades”.

Os fãs mais velhos tiveram a possibilidade de recordar o imaginário de animação japonesa, através da zona de videojogos retro, onde foi possível jogar, entre outros, Super Mário e Mortal Kombat, e recordar as consolas Mega Drive e Nintendo. As bancas de tratamento de bonsais, de origami e das diferentes artes maciais e de luta japonesas suscitaram grande curiosidade. Foi também possível provar alguns pratos e produtos tipicamente japoneses.

Dez mil pessoas para mil e uma diversões japonesas

Nos corredores de acesso aos palcos destacavam-se os torneios de carta “Magic” e de jogos de tabuleiro, mas, acima de tudo, os disparos contínuos das máquinas fotográficas. Muitos procuravam fotografias com os vários cosplayers que marcaram presença no Iberanime. O cosplay foi mesmo um dos destaques do evento, com a realização da eliminatória de apuramento para o Campeonato do Mundo de Cosplay onde, pela primeira vez, Portugal será representado. Um acontecimento que, André Filipe, da Associação Portuguesa de Cosplay (APC), considera ser equivalente a “Portugal jogar, pela primeira vez, um Mundial de futebol”.

O palco principal serviu, essencialmente, para atividades relacionadas com a animação, através de concursos de recriação, interpretação e conhecimento das diferentes séries e jogos. Pelo palco secundário passaram vários workshops, desde a construção de histórias até à escrita em japonês, e houve, ainda, espaço para a dança.

No fim, André Manz, diretor da produtora do evento, considerou a quarta edição do Iberanime um sucesso. A organização estima terem passado cerca de 10 mil pessoas pelo Multiusos, um número que ultrapassa o total de visitantes em Lisboa. “Surpreendeu-nos porque são eventos urbanos e Lisboa é uma cidade muito maior”, diz André, acrescentando que a parceria com Gondomar é para continuar: “Temos ainda dois anos de contrato com o pavilhão de Gondomar e provavelmente vamos renovar no final do contrato”. Os fãs prometem continuar a aparecer e a celebrar a cultura popular japonesa.