Certamente já lhe aconteceu estar a navegar na Internet e, de um momento para o outro, apoderar-se de si um desejo incontrolável de comer aquela iguaria ou de beber aquele néctar delicioso. Nessa alturas, a única solução que há para acalmar a tentação (ou para aumentá-la) é, claro está, pesquisar por imagens desses alimentos. Oh, se ao menos fosse possível saboreá-los… Mas, e se lhe dissessem que, brevemente, isso vai acontecer?

Uma equipa de investigadores da Universidade de Singapura criou um simulador capaz de reproduzir virtualmente quatro sabores básicos: doce, amargo, salgado e azedo. Depois de ter sido apresentada, no mês passado, na ACM Multimedia de Barcelona, a tecnologia que ainda está a ser aprimorada ganhou alguma fama e já se conhece como, para já, é possível alcançar este efeito.

TV e videojogos

Nimesha Ranasinghe acredita que, no futuro, com o aprimoramento da tecnologia em que está a trabalhar, será possível os telespectadores provarem os alimentos cozinhados nos programas de culinária a que estão a assistir, na televisão.

Por outro lado, a tecnologia em causa também poderá aplicar-se aos videojogos: “Podemos arranjar um novo sistema de recompensas baseado em sensações de sabor. Por exemplo, quem completar com sucesso uma missão, ou um nível, tem direito a uma sensação doce. Quem falhar, prova um sabor amargo”, sugere Nimesha Ranasinghe.

Através de um sintetizador que pode ser ligado a um computador, a informação relativa ao componente do paladar que a imagem do alimento sugere é transmitida para um elétrodo, que, por sua vez, é colocado na língua do utilizador e proporciona o sabor correspondente, de entre os quatro já desenvolvidos. O paladar específico de cada alimento ainda não é tangível, mas um dia, quem sabe?

“Nós apercebemo-nos de que uma estimulação elétrica e térmica não invasiva da ponta da língua gera as quatro sensações básicas gustativas”, explica à página NewScientist o líder da equipa de investigação, Nimesha Ranasinghe. No entanto, mais do que conceder outro sentido a quem “vive” virtualmente, esta tecnologia poderá ter aplicações na área da Saúde.

“Pessoas com diabetes poderão vir a usar o sintetizador de sabor para estimular sensações doces sem prejudicarem os níveis reais de açúcar no sangue. Já os doentes oncológicos podem usá-lo para melhorar ou regenerar a capacidade diminuída de saborear os alimentos durante os tratamentos de quimioterapia”, refere Ranasinghe.