Bruno Madeira é aluno do terceiro ano da Licenciatura em História, da Faculdade de Letras (FLUP) e o primeiro efetivo da Lista D, que quer “dar voz ativa aos cerca de 31000 estudantes da Academia”, enquanto representantes dos estudantes no Conselho Geral (CG) da Universidade do Porto (UP). Em entrevista, Bruno deixou ainda claro o que o levou a envolver-se no projeto, a par de Sofia Fortuna (FBAUP), Pedro Sá (FEUP) e Sara Magalhães (FMUP): “É importante que os estudantes tenham uma participação na decisão dos seus destinos”, afirma.

Do que os une, diz apenas que é “um projeto nascido de uma ideia de ensino superior que têm”. “Um projeto que vem ao encontro da ideia da maioria dos estudantes e que se insurge contra aquilo que tem vindo a ser um ataque ao ensino superior público”, acredita. Um ataque feito através da “introdução de propinas”, e do processo de Bolonha, “que veio delapidar os cursos”, explica.

“Tem de haver uma distribuição mais equitativa dos fundos da reitoria”

Outras listas

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“Exigir mais financiamento central para a UP e uma mais equitativa distribuição do mesmo pelas várias Faculdades” é outra das metas: “Acho bem que Engenharia tenha as condições que tem, mas se olharemos para Engenharia e depois Belas-Artes… ainda há uma semana um rapaz ficou sem um dedo numa oficina, porque não há condições. Tem de haver uma distribuição mais equitativa dos fundos da reitoria”, sublinha.

O objetivo final é, seja qual for o tema, “levar as preocupações dos estudantes ao Conselho Geral” e “baterem-se por elas”. Acima de tudo, “tornar a participação dos estudantes do CG mais ativa e combativa”, diz Bruno. “Não me lembro de nada que tenha sido discutido pelos estudantes no CG, nos últimos anos”, atira.

Depois, “tem de haver uma prestação de contas aos estudantes que elegeram, o que não tem acontecido”, diz Bruno. Para chegar aos colegas, já tem estratégia: através das Associações de Estudantes. Uma convocatória ampla aos estudantes também pode ser uma solução, “passando a ideia de que vão, de facto, ser ouvidos”.

“Todas as pontes se podem fazer com quem defende o ensino superior”

O Manifesto

“Entendemos que este Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), (…) serve apenas para atacar a democracia no seio das instituições (brutal redução do número de alunos e do de professores que podem estar representados nos CG’s) e para escancarar a porta à entrada dos interesses privados na gestão das Universidades (as tão propaladas entidades externas de reconhecido mérito que têm assento nos CG’s)”, lê-se, no manifesto que vão tornar público, em breve.

Já sabe que nestas coisas a “participação é muito residual”, por isso quer “simplificar” a transmissão da ideia ao máximo e diz que muitas vezes, a culpa é de quem faz “campanha”: “Por exemplo, às vezes os modelos de debate que se fazem nem sequer são interessantes para quem vai assistir, fazem-se para dizer que se fez”, diz.

Caso seja eleito com colegas de outras listas, acredita que “todas as pontes se podem fazer com quem defende o ensino superior público”, apesar das “diferenças substanciais nos projetos de cada um”. Algumas coisas, no entanto, não estão dispostos a aceitar: a privatização e concessão de serviços da UP, assim como a entrada de cada vez mais entidades externas para o Conselho Geral” [ver caixa].

Disso, não abrem mão: “Ao mesmo tempo que se afastam os estudantes dos órgãos de decisão universitários, aprofundam-se os passes tendentes à privatização”, diz Bruno. “Há quem isto não faça confusão e aí torna-se mais difícil estabelecer pontes”.