Depois de se debater com uma prolongada infeção pulmonar, Nelson Mandela faleceu esta quinta-feira, em casa, em Joanesburgo. Madiba, como também era conhecido, deixa, assim, a “sua” África do Sul com 95 anos.

Nelson Mandela nasceu em Transkei, uma província sul-africana, a 18 de julho de 1918. Em criança, sobressaía a sua aptidão para as letras e para a matemática – já sabia escrever quando entrou para a escola primária. Filho do chefe Henry Mandela, foram-lhe ensinados hábitos de nobreza e um profundo entendimento da cultura do seu país.

Em 1939, Mandela foi um dos 50 alunos de raça negra a ser admitido na University College of Fort Hare, uma instituição missionária de ensino. Aí, licenciou-se em Direito, em 1942. Dois anos depois, o interesse político de Nelson Mandela despertou, tendo-se juntado ao Congresso Nacional Africano (ANC, sigla inglesa). Em 1948, opôs-se às políticas segregacionistas implementadas pelo Partido Nacional, com o apoio do ANC.

Durante a luta pacífica contra o “Apartheid”, fundou a Liga Jovem do ANC, juntamente com o ativista Walter Sisulu. O objetivo era a criação de uma organização dinâmica e juvenil que primava, da mesma forma, por ideais pacíficos.

No início da década de 60, tornou-se o braço armado do Congresso Nacional Africano, onde coordenou pela primeira vez uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do Governo. Em 1962, Nelson Mandela foi sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente para fora da África do Sul e pelo incentivo de greves.

Uns anos mais tarde, em 1967, foi condenado a prisão perpétua por sabotagem, conspiração e planeamento de ações armadas. Por recusar trocar a liberdade condicional pelo cessar da luta contra o regime, o ex-líder sul-africano continuou na prisão até 1990. Em Fevereiro desse ano, foi iniciada uma campanha por parte do ANC para que Mandela fosse libertado. A pressão internacional teve, também, um papel importante na libertação do ativista.

Em 1989, Mandela recebe o Prémio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos. Em 1993 foi-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz pelos esforços desenvolvidos para por fim à segregação racional no seu país. Um ano mais tarde, Nelson Mandela torna-se presidente da África do Sul após as primeiras eleições multirraciais do país, exercendo esta função de maio de 1994 a junho de 1999.

Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul, foi o líder da transição do regime de minoria no comando, o “Apartheid”, o que o fez ganhar uma forte consideração a nível internacional.

Aos 85 anos, Madiba anuncia a retirada da vida política. Em 2006 é premiado pela Amnistia Internacional com o prémio Embaixador de Consciência como forma de homenagear a liderança na luta pela proteção e promoção dos direitos humanos.

No verão de 2013, apossou-se de Nelson Mandela uma infeção pulmonar que o deixou num estado bastante precário. O símbolo sul-africano lutou durante mais alguns meses. Esta quinta-feira partiu como um herói. “Nelson Mandela talvez seja o último dos heróis puros do nosso planeta. É o símbolo sorridente do sacrifício e da rectidão, venerado por milhões de pessoas, como um santo vivo”, escreveu, em tempos, Richard Stengel, jornalista escolhido para ajudar Madiba a escrever a autobiografia.