Elvira Garcia de Torres, professora da Universidade Cadernal Herrera, em Espanha, apresentou, esta quinta-feira, nas II Jornadas ObCiber, uma linha de investigação recente sobre o ciberjornalismo de proximidade na comunidade valenciana. Os resultados apontaram para uma vitalidade do meio digital face aos media tradicionais, com expressão mais acentuada neste contexto de crise. Segundo a professora, “1700 postos de trabalho perderam-se”. Mesmo assim, o meio digital requer poucos jornalistas e sobrevive.

A explosão do ciberjornalismo, em Valência, deu-se ao longo dos últimos dez anos, com a criação de diversas plataformas de comunicação online e a migração dos meios tradicionais para a Internet. Apesar de as universidades estarem atentas às novas formas de jornalismo, ainda há algum distanciamento da realidade regional.

Entre as principais dificuldades para os novos projetos de ciberjornalismo regional, Elvira Garcia de Torres destaca o facto de os anunciantes não confiarem neste meio – “só querem papel e acham o digital pouco sério”.

Sucessos de jornalismo sem fins lucrativos

TexasTribune (EUA): Faz jornalismo de serviço público e vive de publicidade e doações;
Pública (Brasil): Uma agência de reportagens e jornalismo de investigação;
Ciper (Chile): Aceita doações, mas tem um mecenas.

Igor Savenhago, professor do Centro Universitário Barão de Mauá, no Brasil, considera que os media regionais cedem a interesses políticos e comerciais. A população não tem lugar no jornalismo de proximidade e utiliza as redes sociais como forma de resistência. Apesar de já alguns terem “migrado” para a Internet, os jornalistas e conteúdos não estão adaptados a este meio.

O último orador, Rosental Alves, defende que “o jornalismo tornou-se mais barato de produzir e chega a mais pessoas, mas perdeu o valor comercial”. As receitas com publicidade caíram e já não há perspetivas de lucro.

Porquê o jornalismo de proximidade e o jornalismo sem lucro?

O professor da Universidade do Texas, nos EUA, apresenta o ciberjornalismo como um meio inovador. O “hyperlocal journalism” era visto como uma grande esperança do meio digital, mas ficou aquém das expectativas. É o caso de EveryBlock, TBD.com e Patch. A solução deriva agora para uma nova tendência: a fusão de ciberjornalismo regional com jornalismo sem fins lucrativos. Segundo Rosental Alves, a estratégia passa por encontrar novas formas de financiamento, como doações, e fazer jornalismo de serviço público, mais próximo da comunidade (ver caixa).

Numa altura em que a economia dos media está no centro do debate académico, os modelos de negócio tradicionais já não são a solução. Rosental Alves refere que, numa altura em que é “fácil fazer jornalismo”, o meio digital surge como uma oportunidade.

Notícia atualizada às 19h02 de 6 de dezembro de 2013