O Jornal Universitário do Porto (JUP) ainda está encaixotado, literalmente, mas por pouco tempo. Em março, uma nova edição vai sair da caixa para as mãos dos estudantes e traz novidades. 27 anos e muita tinta depois, o JUP vai ter versão online – para além das quatro edições anuais planeadas: duas por semestre.

Uma boa nova depois de muitos pensarem que o JUP tinha chegado ao fim. É que “por volta de maio, junho do ano passado”, ano em que comemorava 25 anos, o último jornal do ano letivo já não saiu. “Ficou praticamente todo feito e não havia dinheiro para o imprimir”, recorda Dalila Teixeira, presidente do Núcleo de Jornalismo Académico do Porto (NJAP), que detém a publicação.

A falta de financiamento era um dos problemas mais prementes, que há muito já se falava. Em março, em entrevista ao JPN, o atual diretor, Nuno Moniz, já esclarecia que “o orçamento da Universidade do Porto (UP)” dava “para imprimir o jornal e mais nada”.

“Há uns anos atrás, o JUP tinha o dobro do financiamento”

O futuro

“E faz sentido manter o impresso?”, perguntamos. “Faz”, responde Dalila. “Essa é a génese do JUP”, diz. Mas não é fácil. “A equipa ideal, só para escrever, teria de ter cerca de dez pessoas, entre diretor, chefe de redação e editores. Este é o grupo que se compromete a alimentar o JUP”. Depois, “cada um dos editores deve ter a sua equipa de trabalho”. Mas nem sempre é fácil encontrar colaborações. “Está em curso uma campanha de recrutamento – se assim se pode chamar – quer nas redes sociais quer através de certazes e temos recebido algumas mensagens”, explica. “É suficiente? Não sei, mas se conseguirmos reunir uma equipa que dê este impulso inicial e trabalhe a sério, acho que depois [da primeira edição] vai existir quase um efeito contágio”, acredita Dalila.

“Há uns anos atrás, o JUP tinha o dobro do financiamento que tem atualmente. Se é financiado pela reitoria da Universidade do Porto e esta sofre cortes do Estado, claro que também somos afetados”, explica Dalila. Atualmente, ainda estão em conversações mas “em princípio mantém-se o financiamento do ano passado”. “Se assim for então temos condições para imprimir os jornais. Não a totalidade de jornais que imprimíamos antes (sete, às vezes oito), mas quatro – dois por semestre”, conta.

O apoio do Instituto Português da Juventude (IPJ), outra das fontes de financiamento, “também foi gradualmente baixando”, tendo em conta a conjuntura, e antes havia “financiamento do Instituto Politécnico do Porto (IPP) também, mas este deixou de existir por problemas que são alheios à atual direção”.

É que apesar de ser encarado por muitos como um jornal da Universidade do Porto – e esta seja, de facto, a única a financiar o projeto, atualmente -, o JUP é de toda a Academia, não fosse o NJAP um núcleo dedicado a todas as universidades e instituições de ensino superior do Porto. “Nós somos uma associação da Academia mas nós só existimos porque a Universidade do Porto permite”, admite Dalila. “Se não fosse o esforço da reitoria da UP, era completamente impossível”.

Das restantes instituições, só obtiveram a atenção de duas: a Escola Superior de Artes e Design (ESAD) disponibilizou “meios” e “outro tipo de parcerias” que não envolvessem dinheiro e a Lusófona cede, sempre que preciso, a carrinha que é usada para distribuir o JUP pelas faculdades. “Se faz questão continuar a ser uma Associação virada para a Academia? É uma boa pergunta. Mas não nos sentimos à vontade a desfazer uma coisa que foi feita com um determinado objetivo, há 26 anos atrás. E queremos que todos os alunos possam aqui desenvolver projetos e colaborar”, afirma Dalila.

Em março, há JUP online

Mas a falta de dinheiro foi só o maior problema do jornal – porque existiam outros. Na verdade, “foi uma série de coisas que aconteceram nos últimos anos que desembocaram numa situação em que era impossível trabalhar”, diz Dalila. Uma delas, passou pelo estado de degradação da sede, na Rua Miguel Bombarda. Chegou a cair um teto.

Agora, têm um novo espaço, no pólo de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto: “Não é o que tínhamos em Miguel Bombarda, com as galerias, é uma sala dentro de uma faculdade. Mas é um espaço bastante agradável e esperamos que isso também ajude a levantar o JUP”, afirma.

Em março, o online também está garantido. “Vamos ter um site com alimentação diária, até para o caso de acontecer uma catarse, isto não parar de todo”, sustenta Dalila. Porque o que importa é superar esta “fase má” e dar “uma nova vida ao JUP”.