Realizou-se esta segunda-feira mais um debate no Clube dos Pensadores, em que o convidado foi Teixeira dos Santos, ex-ministro no Governo de José Sócrates.

Perante uma plateia cheia, o antigo responsável pela pasta das Finanças não deixou de destacar os últimos indicadores que parecem indiciar uma viragem nos domínios económico e financeiro, destacando em particular a emissão de dívida a cinco anos feita com sucesso por Portugal. Contudo, no que diz respeito à diminuição da taxa de desemprego, Teixeira dos Santos assinala que esta não se deve apenas à criação de emprego, mas também ao abandono de população ativa e a um fenómeno de emigração.

Desta forma, o ex-governante referiu que o país não pode cantar vitória, porque os objetivos acordados em termos de défice orçamental ainda estão longe de serem alcançados e, por isso, quem se viu afetado por esta crise vai continuar a fazer sacrifícios.

O professor de economia realçou a espiral recessiva que a Europa conheceu, que a levou a entrar em “modo austeridade”. Para Teixeira dos Santos, o problema de ajustamento não afetou apenas os países da UE que sofreram intervenção externa, o que levou a que a Europa tenha entrado uma recessão profunda.

Apesar dos sacrifícios que foram pedidos aos países europeus, Teixeira dos Santos realça que estas políticas não tiveram os efeitos pretendidos, traduzindo-se numa diminuição de crescimento e no aumento do peso da dívida pública. Para o ex-ministro, a situação europeia agravou-se sobretudo quando o próprio Euro começou a ser questionado, pela possibilidade de alguns países abandonarem a moeda única.

Além disso, Teixeira dos Santos considera que a declaração de Mário Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), de que o BCE estaria pronto para salvar o Euro, fez com que a situação económica se alterasse, levando a que os mercados tenham passado a ter um comportamento mais positivo. Segundo o ex-ministro, a situação recente de crescimento económico deveu-se mais a esta acalmia que a uma evolução nas finanças públicas dos diversos países.

Santos realçou ainda o caso português para destacar que, na sua opinião, “baixar um défice à custa de um brutal aumento de impostos” não é um grande feito e que os últimos dados económicos, apesar de positivos, não devem ser suficientes para se considerar que Portugal vai ter um forte crescimento a partir de agora.

Relativamente ao futuro, após o fim do programa de ajuda externa a Portugal, que acontece em junho deste ano, Teixeira dos Santos defende que o país necessita de um programa cautelar, porque só com essa rede de segurança poderá voltar aos mercados de forma segura, para voltar a adquirir a confiança dos investidores.