Um euro, dez euros, 100 euros. Não interessa o valor, mas a intenção – e todas as ajudas são preciosas para recuperar o Palácio do Conde do Bolhão. A iniciativa chama-se “Degrau a Degrau” e é da Academia Contemporânea do Espectáculo/Teatro do Bolhão (ACE/TB), que fez do edifício a sua casa (a Câmara do Porto, proprietária do espaço, cedeu-o por 50 anos, em 2001).

O objetivo é, a par da procura de mecenas, conseguir financiamento para reabilitar parte do interior do Palácio, que é considerado Monumento de Interesse Público desde 2010. Já na altura se discutia a necessidade de obras urgentes em todo o edifício e a recuperação do auditório nas traseiras.

“Há 13 anos que lutamos incansavelmente para transformar um monumento abandonado numa Casa do teatro e das artes, também espaço vivo de tertúlia, restauração, palestras e congressos, de forma a fazer dele uma estrutura significativa de cultura, do turismo e de lazer”, lê-se, no site da iniciativa, criada há um mês.

Reabilitação

A par deste projeto, o mecenato já permitiu a recuperação de três salas no 1.º piso do edifício e do Salão Nobre (que deverá receber um pequeno auditório com 50 lugares). Já a construção do novo auditório, com 184 lugares, nas traseiras do edifício – assim como a intervenção em alguns espaços do Palácio, nomeadamente nas salas de aula e ensaio – foram co-financiada por fundos comunitários. Quanto ao exterior, as fachadas vão ficar a cargo da empresa municipal DomusSocial, até junho.

Dez euros em troca de ter o nome num degrau – e uma Companhia feliz

É que o exterior está garantido, o novo auditório é inaugurado em setembro mas continua a faltar limar algumas arestas no interior: “O palácio possui uma escadaria monumental que possibilita o acesso aos diferentes pisos e patamares. Para recuperar os 67 degraus da escadaria monumental e espaço envolvente, são necessários 35 mil euros”.

“Como contrapartida, em jeito de homenagem”, a Companhia oferece aquilo que pode – numa recompensa à medida de cada apoio. Os que derem um euro, verão o seu nome “no painel de agradecimento no ‘Átrio dos Patronos e dos Mecenas'”. Dez euros e chega ao “degraus coletivos”. 100 euros e para além do “nome nos degraus coletivos com destaque”, ainda tem direito a um “cartão de amigo do Teatro do Bolhão para assistir aos espectáculos da companhia durante um ano”.

Por 500 euros tem um degrau exclusivo e por dez mil euros, para quem for mais generoso, pode tornar-se o mecenas exclusivo de uma das salas do palácio, que passará a ostentar o seu nome. Até ao momento já contribuíram mais de 80 pessoas e já se reuniu um montante de cerca de 2200 euros. Ainda está longe da quantia necessária, mas a Companhia não perde a esperança: “Temos recebido todo o tipo de apoios. A maior parte das pessoas dá dez euros, mas também há quem esteja a organizar-se para comprar um degrau por 500 euros, como o café Piolho ou O Porto A Pé”, explica Pedro Aparício, em entrevista ao Público.