A declaração foi feita esta quinta-feira à noite, numa entrevista televisiva. De acordo com a Agence France Press, Recep Erdogan, primeiro ministro turco, garantiu que, se continuar no poder depois das eleições, tomará medidas em relação às duas redes sociais. “Depois de 30 de março, não vamos deixar este país à mercê do Youtube e do Facebook”, declarou ao canal turco ATV.

Esta ameaça surge depois de conversas privadas de Erdogan com o seu filho, onde alegadamente combinavam como esconder grandes quantias de dinheiro, terem sido divulgadas na Internet. O líder turco defendeu-se dizendo que se tratava de uma montagem feita por rivais para o prejudicar nas eleições locais de 30 de março.

Apesar das medidas radicais e dos escândalos em que se encontra envolvido, o primeiro-ministro turco acredita que a ida às urnas irá mostrar que os cidadãos continuam a apoiar o partido AK. Esta guerra na web tem sido uma forma do atual primeiro-ministro atacar o movimento de oposição liderado por Fethullah Gulen que, de acordo com Erdogan, é responsável pelas fugas de informação e acusações de corrupção.

A difícil relação entre a Turquia e as redes sociais era já famosa por, em junho do último ano, as autoridades acusarem vários manifestantes de “ciber-crime” por utilizarem o Twitter e outras redes sociais para incentivar a participação em protestos.

Desde dezembro que o Vimeo está bloqueado no país

Ainda assim, os últimos meses têm primado pelas medidas drásticas. Em dezembro do último ano, o governo de Erdogan foi abalado por um escândalo de corrupção de alto nível o que originou a demissão voluntária de três dos seus ministros e a troca de 10 cargos. Também a plataforma Vimeo foi “despedida do país”. Um dos sites mais importantes na partilha de vídeos, está bloqueado desde dia 10 de janeiro.

De acordo com a Globo, quem tenta entrar no site recebe o aviso: “A página que tenta aceder foi bloqueada por uma resolução judicial do 10.º Tribunal Pena de Istambul”. Este bloqueio surge no seguimento do projeto de lei, que de acordo com o Governo pretende proteger crianças, jovens e família de conteúdos impróprios ou ofensivos.

Nos primeiros seis meses do ano passado, a Turquia fez aproximadamente 1673 pedidos ao Google para remover material da web – o triplo do que acontece com qualquer outro país. A maioria dos pedidos foi rejeitado.