Os mais aficionados em ficção científica tiveram uma mão cheia de filmes nesta edição do Fantasporto. “Scintilla“, de Billy O’Brien, não poderia encarnar melhor o conceito de “moderna ficção científica”, mas o que deixaria a alguns deliciados, foi motivo de perplexidade para outros, no Grande Auditório do Rivoli.

A história do filme situa os espectadores no Azerbaijão, uma ex-república soviética onde são cometidas as maiores atrocidades aos dissidentes do regime e aos indivíduos cuja etnia não é digna de respeito pelas milícias locais.

Powell, um reputado operacional, é contratado para raptar uma cientista e resgatar o trabalho que tem efetuado num túnel de uma base militar. Decididos a encontrar o alvo, Powell e a sua equipa deparam-se com criaturas alienígenas e investigações científicas, que denunciam segredos escondidos pela ex-União Soviética. O contexto político e social indiciava um filme de guerra, porém, a mais avançada ciência depressa se inseriu numa antestreia, que não teve qualquer reação do público, no final da sessão.

Os premiados da 34.ª edição

Na sessão de encerramento que, neste sábado, decorreu no Rivoli, foram anunciados os vencedores nas várias categorias, da qual se destacou o “Grande Prémio Melhor Filme-Fantasporto 2014”, atribuído à película japonesa “Miss Zombie“, de Hiroyuki Tanaka. O Prémio Especial do Júri foi atribuído a “Chimères“, de Olivier Beguin, da Suíça. Quentin Tarantino bem que podia fazer parte do Júri para Melhor Realização, pois o prémio foi para o seu filme preferido de 2013, “Big Bad Wolves“, dos israelitas Aharon Keshales e Navot Papushado.

“Fazer Cultura no Norte é um risco enorme”

Para Mário Dorminsky, “este ano foi um Fantas de resistência e as falhas existentes foram devidas à nova digitalização”. Abordou também a temática da crise e disse que, apesar das dificuldades, conseguiram ter “filmes recentíssimos e um sistema de bilhetes low-cost” e que o Fantasporto “é de muita importância para a Cultura e para o Turismo”, mesmo sabendo que “fazer Cultura no Norte é um risco enorme”.

Despediu-se pedindo a todos que ficassem na sala para ver “The Railway Man“, “um grande filme“, na opinião do diretor do Fantas. Com uma dupla de peso (Nicole Kidman e Colin Firth), a história fala sobre prisioneiros de guerra forçados pelos japoneses a trabalhar na construção do caminho-de-ferro entre a Tailândia e a Birmânia, durante a II Guerra Mundial. A estreia nos cinemas portugueses está prevista para o dia 13 deste mês e promete “tocar corações” e “ensinar a perdoar”.

O Júri Internacional Fantasporto decidiu que a melhor atriz foi Ann Walton, pelo filme “Soulmate” e que o melhor ator foi Duval’e Glickman, pelo filme “Big Bad Wolves”. O prémio de melhor argumento pertence a Sang-Ho Yeon, por “The Fake”, os melhores efeitos visuais foram os de “Las Brujas de Zagarramurdi”, de Alex de la Iglesia, e ainda se ficou a saber que a melhor curta-metragem veio da Sérvia, com “Rabbitland”, de Ana Nedeljkovic e Nichola Majdak.

O Júri Internacional da 24.ª Semana dos Novos Realizadores do Fantasporto 2014 atribuiu o Prémio Manoel de Oliveira a “Heavenly Shift”, de Márk Bodzsár. O prémio especial do Júri foi para “Love me”, de Maryna Gorbach e Mehmet Bahadir, que recebeu também o prémio para o melhor argumento. O melhor realizador foi o mexicano Carlos Cuarón, por “Besos de Azúcar”. A melhor atriz foi a americana Onata Aprile, por “What Maisie Knew”, e o melhor ator foi Garreth Dillahunto, pelo filme “Houston”.

Na secção Orient Express, o melhor filme premiado foi o japonês “Why Don’t You Play in Hell?”, de Sion Sono. O prémio especial foi atribuído a “Miss Zombie”, de Hiroyuki Tanaka. O melhor filme português foi “José Combustão dos Porcos”, de José Magro, e a escola de cinema distinguida foi a Universidade Católica do Porto. Dentro dos Prémios Não Oficiais, o Prémio do Público foi atríbuido ao filme “Las Brujas de Zagarramurdi” e o Prémio da Crítica foi para o filme “Love me”.

O Prémio de Carreira foi atribuído a uma das grandes personalidades do cinema português: Henrique Espírito Santo. Beatriz Pacheco Pereira subiu ao palco para louvar o vencedor e disse emocionada que ele “honrava os filmes portugueses”.