"Mel" foi exibido esta segunda-feira, 10 de março, na Casa das Artes, no Porto. A exibição acontece no âmbito do novo ciclo de cinema sobre educação.

Cerca de quatro dezenas de pessoas juntaram-se na Casa das Artes, no Porto, para refletir sobre a educação. “Mel” (ver trailer em baixo) foi o primeiro de quatro filmes escolhidos para esta iniciativa de duas estudantes de mestrado da Universidade do Porto (UP). A programação foi assegurada pela Medeia Filmes.

Realizado por Semih Kaplanoglu, “Mel” contrapõe na vida de uma criança a educação escolar, a parental e aquela que é oferecida pela natureza. Com referências claras a Andrei Tartovsky e a outros cineastas nórdicos, esta tornou-se numa obra necessária à compreensão não só da vivência dos povos turcos, como da importância da natureza no papel do crescimento humano.

Yusuf (Bora Altas) é uma criança que aspira o sucesso escolar embora apresente um desenvolvimento tardio e só na floresta consegue ser bem sucedido. O filme apresentado é o último de uma triologia (“Ovo”, “Leite” e “Mel”) e o público mostrou-se curioso para ver os restantes. No final do filme, os convidados André Oliveira e Sousa, Eduardo Morais e Paulo Teixeira de Sousa partilharam a sua opinião acerca do filme e do cinema oriundo de países que não os EUA, deixando de lado o tema da sessão, a educação.

Um filme que foi “uma surpresa muito agradável”

André Oliveira e Sousa, presidente do Cineclube durante mais de vinte anos, valorizou a natureza presente ao longo de todo o filme. “Este filme constituiu uma surpresa muito agradável, fiquei muito sensível à ambiência telúrica porque a natureza está sempre lá”, disse.

Em relação à educação, André Oliveira e Sousa, também júri de festivais de cinema, apenas acrescentou que o filme “foi realmente bem escolhido”. “Mostra que talvez o mais importante agente educativo é a mãe-natureza. (…) A verdadeira mãe da criança é a natureza e é onde ela se vai refugiar no final”, conclui.

Eduardo Morais, licenciado em Cinema e Audiovisual pela Escola Superior de Artes do Porto (ESAP) onde dá aulas, confessa estar há pouco tempo por detrás das câmaras mas admirou o facto de “a própria câmara estar sempre ao nível da criança e nunca ao nível dos adultos”.

Paulo Teixeira de Sousa, dirigente do Cineclube do Porto, referiu, no que toca à educação, que a escola do filme lhe faz lembrar a de Aniki Bobó. De resto, falou que os acesso a filmes como o caso de “Mel”, é apenas para minorias. “Andamos a ver tanta porcaria e há tanta coisa boa que não temos oportunidade de ver. Este cinema é para uma minoria e não tem nada a ver com o cinema a que temos acesso.”